Título: Investimento baixo
Autor: Sassine, Vinicius
Fonte: Correio Braziliense, 29/03/2011, Brasil, p. 9

» Além de se preocupar com a licença definitiva para a operacionalização de Angra 2, o governo terá de acelerar os investimentos da estatal responsável pela produção de energia nuclear, a Eletrobras Eletronuclear, que ficaram longe do ideal nos últimos anos. Desde 2003, a empresa deixou de investir mais de R$ 470 milhões na manutenção do sistema de geração de energia termonuclear de Angra 1 e 2, em Angra dos Reis (RJ). De R$ 1,4 bilhão autorizado no orçamento da instituição, R$ 921 milhões ¿ ou 65% da verba ¿ foram desembolsados efetivamente nos últimos oito anos. Os dados estão divulgados em portarias anuais do Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais (Dest), órgão vinculado ao Ministério do Planejamento.

Os investimentos globais da Eletronuclear incluem, além da manutenção de Angra 1 e 2, a implementação de Angra 3 e a manutenção do parque de obras e equipamentos da terceira usina nuclear. Esses investimentos também não foram plenamente aplicados nos últimos oito anos. No período, R$ 4,3 bilhões foram autorizados no orçamento da empresa, mas apenas R$ 2,6 bilhões foram investidos, o que representou 60% da verba prevista. O percentual é menor do que os observados em estatais de maior porte, como a Petrobras.

O montante de recursos cresceu a partir do início do funcionamento de Angra 2, em fevereiro de 2001. A usina gera o dobro de energia que Angra 1. As obras de Angra 3 foram retomadas no ano passado, dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Nos dois casos, não houve execução efetiva dos investimentos previstos no orçamento. O Correio tentou ouvir a Eletrobras Eletronuclear sobre o fato de 35% dos recursos destinados à manutenção de Angra 1 e 2 não terem sido gastos, mas não obteve retorno da assessoria de imprensa do órgão.