Título: Queda na demanda fará geração de energia crescer apenas 3%
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Fonte: Gazeta Mercantil, 25/03/2009, InfraEstrutura, p. C4

Rio de Janeiro, 25 de Março de 2009 - A crise global que reduziu a demanda por energia no Brasil vai abater pela metade o aumento verificado no ano passado na geração de energia elétrica, que deverá crescer entre 2% e 3% em 2009, ante 5% de 2008 em relação a 2007, previu o diretor geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Hermes Chipp. Com isso, a carga média que será movimentada no ano deve ser de 53 mil megawatts, contra 55 mil megawatts em 2008.

"Acho que vamos voltar ao crescimento original do sistema a partir de 2010", previu Chipp durante seminário do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel). Chipp destacou que em fevereiro e março o sistema deu sinais de recuperação em relação a perdas acumuladas desde novembro do ano passado, quando começou a encolher tanto em relação ao mês anterior quanto na comparação anual, influenciadas por uma queda acentuada no setor industrial.

"Fevereiro e março podem representar já uma reação. A tendência começou a crescer em fevereiro e os dados preliminares de março confirmam isso", disse Chipp a jornalistas após participar do seminário realizado no Rio. "A redução de impostos promovida pelo governo para a compra de carros e outros e a pequena melhora no crédito deram uma reversão no processo", acrescentou o diretor do ONS.

O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico vai se reunir hoje e deve aliviar os níveis de segurança do sistema, informou. O Comitê estabelece em que nível de água os reservatórios das hidrelétricas devem estar cheios para que sejam acionadas as usinas térmicas. O nível meta para este ano estabelecido em novembro passado era de 53% dos reservatórios do Sudeste e do Centro Oeste, mas com a queda da demanda e a grande quantidade de chuva, Chipp aposta que será possível uma redução desse objetivo para 47% ou menos.

"Acho que a gente pode se dar ao luxo esse ano e atingir os níveis necessários sem fazer grandes esforços", disse ele "Este ano vamos acionar bem menos térmicas. Serão também menos à óleo e mais à gás natural", adicionou.

Exportação para argentina

O diretor geral do ONS informou que a partir de maio o Brasil vai voltar a exportar energia para a Argentina. O volume para atender o período de maior demanda do país vizinho deve oscilar entre 500 a 1000 megawatts entre maio e setembro. "Isso deve ocorrer por mais anos até que eles resolvam o problema de gás natural, que não é rápido", afirmou Chipp, que defendeu a criação de um mercado de negociação de energia entre os países da América do Sul. "Acho que assim você não corre o risco de não haver a devolução. Somos também um continente pobre. Se tem energia mais barata lá manda para cá ou vice-versa", frisou.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 4)(Reuters)