Título: Com crise, popularidade de Lula despenca para 78%
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Fonte: Gazeta Mercantil, 23/03/2009, Brasil, p. A12

Brasília, 23 de Março de 2009 - A crise financeira global, que provocou uma desaceleração da economia brasileira, alcançou a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Seus índices de aprovação foram prejudicados pela primeira vez em quase dois anos, revelaram duas pesquisas de opinião divulgadas na sexta-feira.

Lula continua o presidente mais popular da história recente do Brasil, mas a piora na economia pode minar sua habilidade de emplacar a chefe da Casa Civil, a ministra Dilma Rousseff, como sua sucessora na eleição de 2010.

Após o apelido de "teflon" por sair ileso dos diversos escândalos de corrupção que envolveram alguns de seus assessores mais próximos, Lula viu sua taxa de aprovação cair de 84 para 78% em dezembro, segundo a pesquisa CNI/Ibope. Foi a maior queda desde abril de 2007, quando a redução também foi de 6 pontos percentuais.

"É uma grande queda em apenas três meses, mesmo que de um nível recorde", disse Amaury Teixeira, diretor-executivo de uma consultoria que analisa os resultados do levantamento.

A avaliação positiva do governo (ótima ou boa) caiu para 64% em março, depois do recorde de 73% em dezembro.

Separadamente, pequisa feita pelo Datafolha apurou uma queda de 5 pontos percentuais da aprovação de Lula em relação a novembro, para 65%.

A insatisfação com o crescimento da taxa de desemprego foi a principal razão da baixa na popularidade de Lula, apontaram os dois institutos.

"Uma coisa que se destaca na pesquisa e causa ansiedade na sociedade é o desemprego", afirmou Marco Antonio Guarita, diretor da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A maioria dos brasileiros reprovou as políticas do governo voltadas para o mercado de trabalho pela primeira vez desde dezembro de 2007, demonstrou o levantamento.

O desemprego é visto como o principal problema do país, mais do que saúde e segurança pública, também de acordo com o Datafolha. O percentual das pessoas que esperam aumento do desemprego saltou de 44 para 59%.

O Brasil fechou quase 800 mil postos de emprego formal entre novembro e janeiro por causa da crise internacional.

Eleição de 2010

Se a economia não arremeter ainda neste ano, Dilma, a potencial escolhida de Lula para disputar a Presidência da República pelo PT, pode ver suas chances na eleição diminuírem, acreditam analistas.

As intenções de voto na ministra cresceram de 8 para 11%, avaliou o Datafolha. Mas ela ainda está a 30 pontos percentuais do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), o candidato da oposição mais forte nas pesquisas. As intenções de voto de Serra permaneceram em 41%.

Para reduzir a diferença, Dilma reforçou a campanha nos últimos meses inaugurando obras públicas ao lado de Lula e participando do Carnaval do Recife.

O deputado Ciro Gomes (PSB-CE), que faz parte da base aliada do Executivo no Congresso e foi ministro no primeiro mandato de Lula, ainda tem um desempenho melhor do que Dilma. Obteve 16% da preferência dos consultados pelo Datafolha, um ponto a mais em relação ao levantamento de novembro. A ex-senadora Heloísa Helena (PSOL) conquistou 11%.

Se o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), concorresse ao Planalto no lugar de Serra, a liderança na corrida presidencial passaria para Ciro Gomes (25 por cento). Heloísa Helena e Aécio viriam em seguida, com 17% cada. Dilma ficaria com 12%.

Em outro cenário, com Aécio disputando juntamente com Serra, o governador paulista manteria a liderança, com 35%. Heloísa Helena teria 14 por cento, ante 12% do governador de Minas Gerais e 11% de Dilma.

O Datafolha ouviu 11.204 pessoas entre os dias 16 e 19 deste mês. A pesquisa CNI/Ibope consultou 2.002 pessoas de 11 a 15 de março. As duas pesquisas têm margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 12)(Reuters)