Título: Lula diz que Bolsa Família não é esmola
Autor: Ramos,Etiene
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/03/2009, Brasil, p. A7

Recife, 24 de Março de 2009 - Em meio a uma platéia de políticos do interior e à população de Vitória de Santo Antão, distante 50 quilômetros do Recife, que fazia claque para a inauguração da fábrica da Sadia, um investimento de R$ 330 milhões, dos quais R$ 244 milhões serão financiados pelo Banco do Nordeste do Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem uma das coisas que mais gosta: comemorar a aclamação dos nordestinos ao Bolsa Família, que detém 52% dos beneficiários na região. E aproveitar para alfinetar a oposição.

"Tem gente que fala mal do Bolsa Família, são R$ 80,00; R$ 90,00, R$ 95,00, R$ 65,00, tem gente que fala que é esmola. Para o cidadão que entra num hotel cinco estrelas e pode dar R$ 100,00 de gorjeta depois de tomar seus uísques, R$ 100,00 não é nada. Mas dê R$ 100,00 na mão de uma mãe para ver a multiplicação dos pães que ela faz, para comprar comida pra casa", disse o presidente, como uma resposta indireta às críticas do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE). Em entrevista à revista Veja, o peemedebista disse que o Bolsa Família é o maior programa de compra de votos do mundo.

Citando números que apontam o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Nordeste acima do nacional e justificam a investida de empresas como a Sadia em busca de um mercado ascendente alimentado, também, pelos programas assistenciais de renda familiar, Lula disse que a região desabrochou depois de muitos anos encruada e criticou a época em que os recursos só vinham para a região quando governadores e presidentes eram aliados.

"No meu governo não tem isso, se o prefeito, o governador, é do DEM, do PSDB, não importa. Não quero saber de que partido é o prefeito. Eu quero saber se ele é o representante do povo e, se o povo tiver necessidade, será atendido igualzinho a se fosse do PT, do PSB, do PC do B", afirmou, admitindo a agonia dos prefeitos com a redução do FPM a partir da queda de arrecadação do governo federal.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 7)(Etiene Ramos)