Título: Embraer explica bônus a executivos
Autor: Bompan,Fernanda
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/03/2009, Direito Corporativo, p. A9

São Paulo, 24 de Março de 2009 - A Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), por meio de comunicado divulgado no último sábado, nega as afirmações dos sindicatos de que a fabricante de aviões teria dado R$ 50 milhões em bonificações para seus diretores e membros do Conselho de Administração. O comunicado é uma resposta às centrais sindicais que, em todo o período de negociação durante o mês de março coordenada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de Campinas (SP), afirmaram que é contraditório distribuir bônus ao mesmo tempo que demite 4,2 mil funcionários.

No texto, a empresa informa que o valor de R$ 50 milhões se refere ao gasto limite com a sua administração aprovado pelos acionistas em Assembléia Geral Ordinária, realizada em abril do ano passado.

Estes gastos, de acordo com a nota, referem-se as despesas com honorários, encargos trabalhistas e com assistência médica aos conselheiros de administração e aos diretores. E também à participação nos lucros da fabricante para a diretoria, além de despesas com o pagamento das indenizações e verbas rescisórias, contando com os encargos trabalhistas distribuído aos administradores que não atuam mais na empresa.

As centrais sindicais discordam das informações. "É dar outro nome para a mesma coisa", entende Luiz Carlos Prates, secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP). "Esse valor de R$ 50 milhões é muita coisa para ser entregue a cerca de 12 executivos, no momento em que ocorreram mais de 4 mil demissões", acrescenta.

O comunicado ressalta ainda que "a participação nos lucros, a assistência médica e o plano de aposentadoria complementar não são benefícios exclusivos dos administradores da empresa, mas sim de todos os empregados da Embraer, sem exceção".

Para Prates, "essa afirmação é outro contrassenso porque no semestre passado a empresa liberou R$ 31 milhões em bonificações para os 20 mil trabalhadores" da Embraer. "Com uma média de R$ 2,7 mil de salários dos demitidos, os R$ 50 milhões davam para manter mil trabalhadores ativos durante um ano", avalia.

Na próxima quarta-feira, segundo Prates, as centrais sindicais participarão de audiência na Câmara dos Deputados para mostrar a situação do dissídio coletivo da fabricante de aviões.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 9)(Fernanda Bompan)