Título: Brasil e UE reafirmam empenho por Doha
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Fonte: Gazeta Mercantil, 24/03/2009, Internacional, p. A12

Bruxelas, 24 de Março de 2009 - O Brasil e a União Europeia (UE) reafirmaram ontem em Bruxelas seu compromisso com a conclusão de um acordo entre o bloco europeu e o Mercosul e com a Rodada Doha da Organização Mundial de Comércio (OMC), por ocasião de uma visita à capital belga do ministro das Relações Exteriores brasileiro, Celso Amorim.

Amorim, que também viaja para a Holanda e Cabo Verde, se reuniu ontem com o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e com a comissária europeia para o Relações Exteriores, Benita Ferrero Waldner, para tratar de questões bilaterais e de assuntos relacionados à política internacional. "Ressaltamos a importância de um acordo entre o Mercosul e a UE, e de continuar o diálogo para avançar rapidamente neste sentido. Também falamos da Rodada Doha, que está passando por um momento complicado mas da qual não vamos desistir", disse Amorim depois da reunião com Benita. "Existe um consenso entre o Brasil e a UE sobre o fato de que a Rodada de Doha deva ser concluída", acrescentou.

Para o chanceler, há dificuldades políticas, mas também motivações de natureza política para a conclusão de Doha. "Não chegaremos a lugar algum se continuarmos a nos focalizar em nossas pequenas desavenças. Ao contrário, se os líderes se concentrarem no que realmente importa para a economia mundial, haverá possibilidades reais de progresso."

Lançadas em 2001, as negociações de Doha continuam paralisadas por fortes divergências entre os países ricos e as nações emergentes e em desenvolvimento.

Já as negociações para um acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul estão paralisadas desde 2004 por desavenças nos setores da agricultura e dos serviços e bens industriais. Estas discussões dependem, em grande parte, do sucesso de Doha para que elas sejam retomadas.

Na quinta-feira semana passada, os Estados Unidos e a UE defenderam em comunicado conjunto a finalização "o quanto antes" da Rodada Doha, e conclamaram os países a combater o protecionismo.

Entretanto, e apesar destas declarações de boa vontade, Amorim frisou que "não foi marcada uma data" para uma eventual retomada das discussões na OMC, após o fracasso da conferência ministerial de julho de 2008 em Genebra.

Aproximação com Cuba

A UE e o Brasil também defenderam uma política de aproximação com Cuba, deixando claro que têm diferentes enfoques, com mais condições do lado europeu e maior flexibilidade do lado do gigante sul-americano.

Após se reunir com o chanceler brasileiro, Benita indicou que tanto ela quanto seu colega de Desenvolvimento, Louis Michel, são "muito a favor de um compromisso" com Cuba, embora tenha insistido na necessidade de novos "passos" do governo de Havana para "mais democracia".

Durante a visita de Louis Michel, a UE e o governo cubano fixaram um novo diálogo político para maio, e se anteciparam em forma de cooperação, que já passam de ¿ 40 milhões para projetos de cooperação com a ilha.

"Queremos também ver alguns passos de Cuba agora rumo a mais democracia, mais Estado de direito", frisou a comissária.

Por sua vez, o chanceler Amorim reiterou a posição brasileira de "cooperação" e "compromisso" com o regime de Havana para fomentar mudanças democráticas mediante uma aposta que não inclui nenhuma pré-condição.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 12)(AFP)