Título: Água tem índice elevado de radiação
Autor: Sabadini, Tatiana
Fonte: Correio Braziliense, 29/03/2011, Mundo, p. 21

Os riscos de contaminação aumentaram no Japão depois que uma quantidade significativa de água com elevado índice de radioatividade foi encontrada nas imediações do reator 2 na usina nuclear de Fukushima. Mais um problema para ser resolvido pelos técnicos da companhia Tokyo Electric Power (Tepco), que trabalham incansavelmente na central desde o terremoto de 11 de março. As autoridades japonesas não descartam a possibilidade de o vazamento ter chegado até o mar. Ontem, também foram encontrados vestígios de plutônio no solo da região. A concentração do metal radioativo é pequena e não deve causar danos à saúde humana, porém é mais um sinal das consequências dos incidentes nos reatores e da urgência para que a ameaça seja controlada.

A água utilizada para provocar o resfriamento dos reatores inundou os túneis que passam pela sala de máquinas e foi levado para fora da usina nuclear. No entanto, o vazamento parece não ter atingido o lado de fora da central de Fukushima Daiichi. ¿Detectamos água acumulada em poços de observação de um duto subterrâneo que desemboca no exterior do edifício do reator 2, com um nível de radioatividade superior a mil milisieverts por hora¿, declarou um porta-voz da empresa Tepco.

A saída dos túneis dos reatores fica apenas a 60m do mar. Os técnicos trabalham com a hipótese de que o volume contaminado possa ter ido até a margem. Testes foram realizados para saber se a radiação chegou ao Oceano Pacífico, mas o resultado ainda não foi divulgado. O vazamento trouxe um grande desafio para os mais de 500 trabalhadores que estão, atualmente, na usina: como bombear a água radioativa, sem correr mais riscos de contaminação ou de exposição ao material.

Uma pequena quantidade de plutônio foi encontrada no solo, em cinco pontos da usina. De acordo com a Tepco, o metal pode ter origem no combustível de um dos reatores que sofreram problemas depois do terremoto. O material pode apresentar uma nova diretriz para os técnicos, que ainda não sabem como os vazamentos ocorrem. Apenas dois reatores têm a substância radioativa encontrada nas amostras de terra. Um deles, o reator 3, é considerado o mais perigoso da usina, por apresentar um mistura de óxidos de plutônio e de urânio.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) programou um debate para redigir novas diretrizes para a segurança nuclear, depois da tragédia no Japão, e declarou que a situação em Fukushima ainda é grave. ¿A prioridade é vencer esta crise. Os níveis apresentados indicaram uma necessidade para um maior controle. Quando o problema for solucionado, precisamos pensar no futuro. Por isso, faremos uma conferência para identificar quais lições precisam ser aprendidas com o caso¿, afirmou o chefe do órgão, Yukiya Amano.

Chuva ¿contaminada¿ nos Estados Unidos Foram detectados traços de radioatividade, provenientes da usina de Fukushima, na água da chuva no nordeste dos EUA. O governo declarou que a quantidade de material encontrado está bem abaixo do limite perigoso. A anormalidade foi registrada nos estados da Pensilvânia e de Massachussets. Como medida de prevenção, os EUA reforçaram o controle de água da chuva e de água potável em todo o país.