Título: Greve paralisa produção na P-34, unidade do pré-sal
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/03/2009, InfraEstrutura, p. C6
Rio de Janeiro, 24 de Março de 2009 - A Federação Única dos Petroleiros (FUP) informou que a greve iniciada entre a noite de domingo e a manhã de ontem conseguiu parar a produção da plataforma P-34, no campo de Jubarte, na bacia de Campos, maior região petrolífera brasileira, e atividades em terminais espalhados pelo País. "Parou a produção da P-34, que é uma plataforma emblemática por ser a primeira do pré-sal", afirmou o coordenador da FUP, João Antonio Moraes.
A categoria reivindica maior segurança no trabalho e garantia de emprego nas empresas que prestam serviços à Petrobras, além de melhor distribuição na participação nos lucros e resultados da companhia.
"A adesão está muito forte, paramos a P-34 e os terminais de Suape em Pernambuco, o terminal de Solimões no Amazonas e o terminal Guarulhos, na Grande São Paulo", disse Moraes. Ele disse, no entanto, que a parada de plataformas e dos terminais não afetará o abastecimento do País. "Vamos garantir o atendimento das necessidades fundamentais da população", afirmou.
Em comunicado enviado na tarde de ontem, a Petrobras informou que acionou o plano de contingência em algumas das suas unidades para garantir a normalidade da produção e do abastecimento. Segundo nota, "todas as unidades da companhia funcionam normalmente, a produção e segurança das operações e dos empregados não foram afetadas pelo movimento." A produção na P-34 foi retomada com o plano de contingência de estatal.
A Petrobras disse ainda que está aberta a negociações, mas que todas as medidas serão tomadas para garantir a normalidade das operações da empresa.
A P-34 foi a primeira plataforma a produzir petróleo na camada pré-sal, uma faixa que se estende do Espírito Santo a Santa Catarina e que pode conter reservas de bilhões de barris de óleo equivalente (petróleo e gás natural) e colocar o Brasil entre os grandes produtores da commodity nos próximos anos. Segundo Moraes, a adesão à greve foi nacional e ao longo do dia de ontem outras paradas de plataformas iriam ocorrer. Refinarias e terminais pelo País todo também aderiram ao movimento, segundo Moraes.
A P-34 tem capacidade de produção de 60 mil barris de petróleo por dia. No início do ano, uma falha na válvula de bloqueio da plataforma matou um funcionário terceirizado da Petrobras, da UTC Engenharia. Em outubro de 2002, depois de uma pane elétrica, a P-34 chegou a correr risco de afundar, adernando 40 graus em meia hora, mas foi estabilizada em poucos dias.
No ano passado, a categoria de petroleiros conseguiu reduzir em julho a produção da estatal em 136 mil barris diários, mas um plano de contingência foi instalado pela Petrobras e normalizou as atividades no mesmo dia. Para o analista do BB Investimentos Nelson Matos, a greve não vai afetar o comportamento das ações da companhia se o plano de contingência for novamente bem-sucedido.
(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 6)(Reuters)