Título: Brasil mantém posição entre as economias mais conectadas
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Gazeta Mercantil, 27/03/2009, Internacional, p. A16

São Paulo, 27 de Março de 2009 - Enquanto os países nórdicos continuam na liderança do ranking do relatório global de Tecnologia da Informação do World Economic Forum (WEF), o Brasil conseguiu manter a mesma classificação do ano passado, apesar da inclusão de mais sete países na lista das economias pesquisadas. Permaneceu em 59 lugar, pelo terceiro ano consecutivo, desta entre 134 países listados no ranking anual do biênio 2008-2009 divulgado ontem pela entidade sediada em Genebra, Suíça.

Os novos integrantes do ranking anual do WEF, por sua vez, ficaram bem abaixo da classificação do Brasil: Brunei (63 lugar), Montenegro (71), Sérvia (84), Gana (103), Malawi (110), Costa do Marfim (111) e Timor Leste (133). O Timor entrou na lista em penúltimo lugar ficando apenas à frente do Chade, que manteve sua posição de último da lista.

No grupo da liderança o destaque ficou por conta dos Estados Unidos, que ganharam uma posição e passaram do quarto lugar para o terceiro no ranking novamente liderado por Dinamarca. Além disso, o Canadá pela primeira vez apareceu entre os dez primeiros. O segundo lugar continuou com a Suécia.

O estudo avalia não somente o nível de preparo dos países para usar a tecnologia da informação e de comunicação nos ambientes empresarial, governamental e regulatório, como a capacitação dos indivíduos, empresas e governos para utilizar a tecnologia. Ele não detalha os investimentos em TI e infra-estrutura de comunicações, mas dá uma boa visão de quais países estão melhor estruturados nesse setor, identificado como crucial para indicar os países mais inovadores e avançados tecnologicamente, e consequentemente, mais prósperos.

"Investimentos em TI e em educação voltada para a área de ciências e matemática são essenciais para a formação de profissisonais da área de tecnologia e para, colocar um país em um lugar de destaque no ranking", explicou em uma entrevista por telefone, Irene Mia, economista sênior da rede de competitividade global do WEF e editora conjunta do relatório. O estudo foi realizado pelo WEF em parceria com a escola de negócios internacionais Insead e patrocinado pela Cisco.

A economista elogiou o Brasil mas e que o País ainda pode melhorar em vários quesitos, principalmente em educação, burocracia e ambiente de negócios. "Os governos e empresas precisam considerar como estratégicos os investimentos em educação e inovação."

Ao ser questionada sobre quais são os principais motivos de os mesmo países continuarem na liderança, Irene respondeu que eles nunca deixaram de investir em educação e inovação. "Mesmo em época de crise, é importante valorizar esses dois pontos pois, quando a economia volta a crescer ela precisa de mão-de-obra especializada e capacitada", afirmou ela lembrando que a maioria dos países continuaram investindo nesses dois itens no ano passado, mesmo em meio ao estouro da crise econômica mundial.

O relatório divulgado ontem será uma das fontes para as discussões do encontro regional para a América Latina do WEF, que acontecerá no Rio de Janeiro, de 14 a 16 de abril.

Irene destacou ainda que o Brasil ficou bem posicionado na América Latina, excluindo o Caribe e América Central. Com isso, o líder regional foi o Chile, em 39 lugar. Os demais países da região que tiveram melhores posições que o Brasil foram: Barbados (36 lugar), Porto Rico (42), Jamaica (53) e Costa Rica (56).

Entre os países do Bric (grupo das economias emergentes de crescimento acelerado integrado por Brasil, Rússia, Índia e China), o Brasil só ficou à frente da Rússia, lembrou a economista.

"A China está em melhor situação. A Rússia ficou um pouco atrás do Brasil. A Índia está um pouco à frente mas tem uma infra-estrutura ainda ruim", afirmou Irene, acrescentando que é importante lembrar que nesses quatro países existem diferenças sociais, econômicas e educacionais muito fortes. "A desigualdade é muito grande entre os Brics. É só ir para o Nordeste e ver que a região não é o retrato do resto do Brasil", disse.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 16)(Rosana Hessel)