Título: IGP-M cai 0,74% em março e tem a menor taxa desde 2003
Autor: Saito,Ana Carolina
Fonte: Gazeta Mercantil, 31/03/2009, Brasil, p. A5
São Paulo, 31 de Março de 2009 - O Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) registrou em março a menor variação desde 2003, reflexo da queda na cotação de commodities internacionais e da redução do ritmo de atividade no mercado interno. De fevereiro para março deste ano, o indicador de inflação medido pela Fundação Getulio Vagas (FGV) passou de uma alta de 0,26% para uma recuo de 0,74%. A queda não supera apenas a retração de 1% de junho de 2003.
O resultado ficou baixo das expectativas do mercado, que esperavam uma deflação menor do IGP-M, de 0,35%. No acumulado em 12 meses, o índice passou de uma alta de 7,86% para 6,27%.
Para o coordenador de análises econômicas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Salomão Quadros, o comportamento dos preços em março, principalmente no atacado, combina com o cenário de desaquecimento da economia brasileira, que até o momento não deu sinais claros de reversão. Além de refletir a queda da cotação de commodities no mercado internacional, o indicador mostra impactos do enfraquecimento da demanda doméstica nos preços industriais. "Há também influência de fatores no mercado interno, como a safra e queda nos preços de alguns produtos industriais, refletindo o ajuste de estoques no setor."
O Índice de Preços por Atacado (IPA) caiu 1,24%, após elevação de 0,26% em fevereiro. A maior contribuição partiu dos produtos agropecuários, que apresentaram retração de 2,82%, ante alta de 1,25% em fevereiro. Já os preços industriais intensificaram queda, passando de uma deflação de 0,18% para um recuo de 0,72%. "Na indústria de transformação, 14 dos 20 setores pesquisados tiveram taxa negativa. Os produtos siderúrgicos registraram queda de 4,23%, contra variação negativa de 0,78% em fevereiro", disse Quadros.
Os preços de bens de consumo duráveis recuaram 1,60% em março. No mês anterior, subgrupo apresentou alta 0,46%. Contribuíram para o movimento itens como aparelhos DVD (-1,89%), refrigeradores e congeladores (-2,89%) e fogões (1,36%).
Automóveis para passageiros voltou ao terreno negativo, ao passar de uma elevação de 0,09% para queda de 2,12%. "A queda não é mais o efeito da redução do IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados], que teve impacto em janeiro. Isso foi zerado em fevereiro. Já é sinal de dificuldades no setor, em um movimento para reduzir estoques."
Queda na construção civil
O desaquecimento da demanda também está derrubando os preços na construção civil. Outro componente do IGP-M que apresentou deflação foi o Índice de Nacional de Custo da Construção (INCC), que caiu 0,17% em março, após alta de 0,35% em fevereiro. Essa é a menor variação do indicador desde abril de 1998, quando registrou queda de 0,46%. "Não é mais só resultado de repasses do recuo de preços internacionais", afirmou o economista da FGV. Segundo Quadros, a queda nos custos de produtos como tijolos (1,42%), cimento (-0,40%), materiais para acabamento (-0,19%) entre outros é sinal de redução de atividade no mercado interno.
Em geral, os custos de materiais e serviços no setor ficaram 0,39% menores em março. Em fevereiro, registraram alta de 0,40%. Além de produtos, serviços como aluguel de máquinas e equipamentos (-0,13%) e elaboração de projetos (-0,91%) tiveram os preços reduzidos. A mão-de-obra subiu 0,10%, mas em menor ritmo que em fevereiro (0,29%).
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) apresentou alta de 0,43%, próxima à variação positiva de 0,40% de fevereiro. O grupo alimentação passou de uma alta de 0,25% para 0,60%.Também houve aceleração em habitação (0,24% para 0,36%) e vestuário (-0,72% para 0,00%). Por outro lado, os grupos educação (1,59% para 0,14%), transportes (0,52% para 0,45%), saúde e cuidados Pessoais (0,63% para 0,59%) e despesas diversas (0,35% para 0,34%) registraram taxas menores em março
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Ana Carolina Saito)