Título: Crise deixa brasileiro menos otimista
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Fonte: Gazeta Mercantil, 31/03/2009, Brasil, p. A6
Brasília, 31 de Março de 2009 - A crise financeira global não só fez cair a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva como também derrubou o otimismo do brasileiro nos últimos dois meses, mostrou nesta segunda-feira pesquisa do Instituto Sensus encomendada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT).
O índice que mede o ânimo da população em relação a temas sócio-econômicos ficou em 41,18 pontos . Antes da crise, essa marca orbitava acima dos 50 pontos.
Apesar do pessimismo no início deste ano, a expectativa para os próximos meses ainda está na faixa dos 65,90%.
O desemprego é um dos principais fatores para o cenário negativo capturado pela sondagem. Subiu de 38,5% para 54,5% o número de entrevistados que acha que o emprego piorou nos últimos seis meses. Também subiu de 23,2% para 32,6% a parcela dos entrevistados que sentiu uma diminuição de sua renda mensal.
Emprego e rendaUm universo de 44,8% tem medo de perder o emprego se a crise financeira se agravar.
Mesmo sofrendo baixas, a avaliação positiva do governo ainda continua em patamares elevados, retomando o período pré-crise. E, apesar dos efeitos da retração na economia, aumentou a capacidade do presidente de transferir votos a um candidato apoiado por ele.
Para 62,4% dos entrevistados, o governo é ótimo ou bom, frente aos 72,5% de janeiro. Mas, ao mesmo tempo, a parcela das pessoas que poderia votar num candidato apoiado por Lula passou de 44,5% para 50,1%.
"Embora decresçam o desempenho pessoal do presidente e avaliação positiva do governo, a população já começa a tomar partido (para a eleição de 2010)," disse a jornalistas Ricardo Guedes, responsável pela pesquisa.
O desempenho pessoal do presidente foi aprovado por 76,2% dos entrevistados este mês, frente aos 84% na sondagem anterior.
Serra e Dilma
Com relação à intenção de voto para a sucessão presidencial em 2010, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), consolidou a liderança na consulta estimulada, com 45,7% no principal cenário, ante 42,8%, seguido pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), com 16,3%, ante 13,5%.
"Há uma estabilidade do Serra e um acréscimo da Dilma que vai se colocando paulatinamente (do ano passado para cá)", disse Guedes.
Num eventual segundo turno, Serra venceria a eleição com 53,5%, contra 21,3% de Dilma.
A sondagem já aponta uma polarização entre os dois nomes e indica que o desempenho da pré-candidata do governo também ficará atrelado aos rumos da crise.
"Tudo vai depender em que ponto a crise vai chegar", disse Guedes.
A pesquisa CNT/Sensus foi realizada entre os dias 23 a 27 deste mês com 2.000 entrevistados em 136 municípios. A margem de erro é de 3 pontos percentuais.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Reuters)
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