Título: Alencar defende rigor nas investigações
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Fonte: Gazeta Mercantil, 31/03/2009, Direito Corporativo, p. A17

São Paulo, 31 de Março de 2009 - O presidente da República em exercício, José Alencar, defendeu ontem uma "investigação rigorosa dentro da lei" sobre as irregularidades encontradas pela Polícia Federal durante a Operação Castelo de Areia, desencadeada para apurar crimes de câmbio ilegal, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Alencar disse que apoia a ação da Polícia Federal e ressaltou que as autoridades que fazem a investigação devem ser prestigiadas. "Uma investigação rigorosa dentro da lei. Porque fora da lei não há salvação. É preciso que nós prestigiemos as investigações, prestigiemos todas as autoridades que desejam punir o crime", defendeu Alencar.

O presidente em exercício ainda ressaltou que não pode admitir que a empresa investigada, a Camargo e Corrêa, tenha praticado irregularidades. No entanto, Alencar considerou que os contratos que a empresa firmou com o governo federal devem ser "vistos". "Eu não posso de forma alguma admitir, a priori, que seja uma empresa que faça coisa errada. Mas isso não significa que eu seja contra qualquer investigação, inclusive, se for o caso, contra ela", disse.

Questionado pelos jornalistas se os contratos deveriam ser revistos, ele respondeu: "Devem ser vistos. Não é revisto. É visto", afirmou. Sobre a participação da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) no esquema, Alencar defendeu novamente a apuração das denúncias. "Temos que permitir que quem está investigando investigue", disse. Ele ressaltou que foi presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Femig) e que nunca recebeu propostas para praticar irregularidades similares às levantadas pela PF na Operação Castelo de Areia.

"Nunca ninguém me procurou. Nem no governo. Nunca. Não sei se as pessoas teriam coragem de me propor qualquer coisa errada. Provavelmente por isso que eu tenho tido sorte. Eles têm certeza antes de que eu não vou acompanhar em coisa errada", disse.

Campanha política

O senador Mão Santa (PMDB-PI) comentou a cobrança feita por um assessor sobre doações para campanha política a um diretor da Camargo Corrêa. As conversas foram interceptadas pela PF na operação Castelo de Areia. "Isso foi uma estupidez, uma falta do que fazer da Polícia Federal. Um assessor meu pode pedir dinheiro, e ele pediu", disse o senador. Mão Santa acrescentou que os recursos captados para campanha estão registrados no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de seu estado.

Entre os advogados que está defendendo a empreiteira está o ex-ministro da Justiça Marcio Thomaz Bastos.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 17)(Agência Brasil)