Título: PF nega motivação política na operação Castelo de Areia
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 01/04/2009, Brasil, p. A10

São Paulo e Brasília, 1 de Abril de 2009 - Por meio de uma nota à imprensa, a Polícia Federal negou ontem que a Operação Castelo de Areia tenha sido deflagrada com motivação política. Segundo o texto, o objetivo principal da operação é investigar crimes financeiros e lavagem de dinheiro.

Dez pessoas foram presas na semana passada na Operação Castelo de Areia, acusadas de fazer parte de um esquema de remessa ilegal de dinheiro para o exterior. Entre elas, quatro diretores e duas secretárias da construtora Camargo Corrêa, todos soltos no último sábado. Durante as investigações, a Polícia Federal também encontrou indícios de superfaturamento em obras públicas e doações ilegais a partidos políticos e parlamentares.

O delegado responsável pela operação, cujo nome não foi divulgado pela PF, afirmou em sua representação que as conversas monitoradas durante a investigação "não falam especificamente de um ou outro partido, mas de vários deles, portanto, sem indícios de favorecimento dirigido".

Ainda segundo o delegado, muitas das doações do grupo Camargo Corrêa a partidos políticos podem ter sido feitas legalmente, mas as conversas telefônicas monitoradas "levam a crer que haja também um esquema fraudulento de financiamento".

Para tentar comprovar se as doações aos partidos políticos e parlamentares foram ou não legais, a PF deverá confrontar as doações que foram mencionadas nos áudios captados durante a operação com as que foram registradas pelos partidos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Portanto, para podermos comprovar documentalmente eventual financiamento ilícito de campanhas políticas faz-se mister oficiar o TSE", diz a nota da PF.

Oposição

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), apresentou ontem um requerimento para que o ministro da Justiça, Tarso Genro, e o diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, sejam convocados a comparecer à Casa para dar explicações sobre a operação Castelo de Areia. Essa ação investigou a realização de doações ilegais feitas pela empresa Camargo Corrêa a campanhas eleitorais. "Será que o objetivo era prejudicar o PSDB e o DEM?", questionou.

Arthur Virgílio se referia às supostas doações irregulares que teriam beneficiado esses dois partidos e, especificamente, os senadores José Agripino (DEM-RN) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA). Ao responderem às acusações, ambos declararam que as doações que receberam da Camargo Corrêa foram realizadas legalmente.

Na opinião de Arthur Virgílio, da forma como as denúncias foram divulgadas, "parece que o governo pretende criminalizar as doações legais e, ao mesmo tempo, esconder o superfaturamento da Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco". No caso da refinaria, o senador se referia às suspeitas de que parte dos recursos destinados à construção dessa unidade seja desviada para beneficiar, entre outros, o PT.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 10)(Agências Brasil e Senado)