Título: A Polibrasil investe na produção de compostos para setor automotivo
Autor: Gustavo Viana
Fonte: Gazeta Mercantil, 22/09/2004, Indústria, p. A-13

A Polibrasil iniciou as obras para a construção de sua fábrica de compostos de polipropileno de Pindamonhangada (SP), com investimento de R$ 45 milhões e capacidade de produção de 35 mil toneladas anuais - volume que será 100% fornecido para a produção de automóveis. Com a unidade, cerca de 16% dos produtos da Polibrasil (entre resinas e compostos) terão o mercado automotivo como destino. Hoje, 10% da produção da empresa vai para esse mercado.

Com a recuperação da indústria automotiva brasileira, grande parte do aporte de R$ 1 milhão previsto para este ano no desenvolvimento de novas aplicações para as suas resinas termoplásticas serão destinados para a descoberta de novas aplicações para esse mercado. Toda a produção de compostos de polipropileno da empresa (25 mil toneladas anuais, em Camaçari, na Bahia) já é destinada à indústria automotiva. "A importância da indústria automotiva cresce ano a ano para a Polibrasil e terá uma participação cada vez maior. Nos últimos dois anos, teve um grande impulso para os negócio da empresa, o que nos levou a decisão da nova fábrica", disse o diretor superintendente da Polibrasil, José Ricardo Roriz Coelho.

O consumo de plástico crescecerca de 1 quilo por ano na indústria automotiva. Os automóveis novos contam com cerca de 40 quilos de plástico. Dez anos atrás, a média era de 30 quilos, segundo dados da Volkswagem. Do consumo de plástico nos automóveis, 34% é de polipropileno. Os plásticos mais usado em seguida são o poliuretano (16%), o ABS (9%) e a poliamida (9%), de acordo com a Basell Polyolefins, maior produtora mundial de polipropileno e que divide o controle da Polibrasil com o grupo nacional Suzano.

Os compostos de polipropileno estão substituindo o plástico de engenharia, que por sua vez substituiu o aço na confecção de peças e partes dos automóveis. O produto é aplicado na fabricação de painéis, console, pára-choques, portas, frisos laterais, grades de proteção sobre as rodas, carcaça das lanternas e faróis, revestimento laterais da porta, forros e peças do motor, entre outros. A Polibrasil, segundo o gerente comercial Ricardo Souza, possui cerca de 30% de participação no mercado de compostos. O consumo brasileiro do produto atingiu 80 mil toneladas em 2003. Segundo o executivo, esse mercado deverá crescer cerca de 15% neste ano e somar 90 mil toneladas. A Polibrasil vendeu 22 mil toneladas no ano passado e para este ano espera vender cerca de 29 mil toneladas, 40% a mais.

A unidade de Pindamonhangaba será construída pela perspectiva de aumento da demanda do material pela indústria automobilística.

A produção de carros deverá somar 2,1 milhões de unidades neste ano, patamar alcançado em 1997, ano áureo da indústria automotiva, segundo estimativa da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). A cidade paulista foi escolhida por sua localização num raio de 200 quilômetros de unidades das montadoras Volkswagem em Taubaté (SP) e Resende (RJ); General Motors em São José dos Campos (SP); Toyota em Indaiatuba (SP); Honda em Sumaré (SP) e Peugeot em Porto Real (RJ), além dos vários transformadores (fabricantes de componentes) para essa indústria espalhados nesses municípios.

"Já realizamos a terraplanagem do terreno; as obras devem começar no próximo mês e o início das operações está previsto para outubro de 2005", disse Roriz. A Polibrasil foi a fornecedora exclusiva dos componentes plásticos do Corsa (GM), do Fox (Volkswagen) e do Meriva, da Chevrolet. Segundo o executivo, cerca de 80% dos plásticos usados pela GM são fornecidos pela Polibrasil. A Honda, nos Estados Unidos, passou recentemente a produzir o pára-lama com compostos de polipropileno. Antes eles eram feitos de plásticos de engenharia (nylon, poliuretano ou policarbonato). A Polibrasil está de olho na oportunidade de fornecer compostos para a fabricação de pára-lamas no Brasil. "Temos um projeto com uma montadora, que está fabricando um novo carro, no qual os pára-lamas serão de compostos", disse Souza.

Maior produtora de polipropileno da América Latina, a Polibrasil tem uma capacidade instalada de produção de 750 mil toneladas por ano de polipropileno, em unidades localizadas em Camaçari, Mauá (SP) e Duque de Caxias (RJ). A empresa faturou R$ 1,9 bilhão em 2003. Para este ano, a expectativa, disse Roriz, é de faturar cerca de R$ 2,3 bilhões.