Título: Banco Central revisa estimativas de expansão da economia em 2009
Autor: Aliski,Ayr
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/03/2009, Brasil, p. A5

Brasília, 30 de Março de 2009 - O Banco Central divulga nesta segunda-feira o Relatório Trimestral de Inflação. Esse documento trará a nova projeção da autoridade monetária sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009. No último relatório, divulgado em dezembro do ano passado, o BC projetou crescimento de 3,2% para este ano, o que chegou a gerar críticas do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que considerava o índice baixo demais. Naquela época, Mantega insistia que o PIB brasileiro cresceria 4% em 2009. Há duas semanas, no entanto, o Ministério do Planejamento revisou projeções sobre o comportamento do PIB e anunciou que trabalha com a expectativa de que a economia brasileira cresça apenas 2% este ano. Antes a previsão era por um PIB de 4%.

Atualmente, o mercado é bem mais pessimista e aposta em estagnação do PIB. Conforme a última pesquisa de expectativas realizada pelo BC, com resultados apresentados na segunda-feira da semana passada no boletim Focus, vigora atualmente entre os agentes de mercado a projeção de que evolução do PIB será de apenas 0,01% este ano. Essa estimativa foi contestada pelo presidente do BC, Henrique Meirelles, que garantiu uma projeção mais otimista no Relatório de Inflação que será divulgado hoje.

O relatório divulgado em dezembro considerava cenário com juro básico de 13,75% ao ano. Atualmente, a taxa Selic é de 11,25% e o PIB sofreu uma queda de 3,6% no último trimestre de 2008, o que certamente altera as projeções em relação a indicadores como os de inflação e consumo.

Na semana passada, o Departamento Econômico do BC apresentou revisões de algumas projeções referentes a indicadores das contas externas. O déficit em conta corrente, antes estimado em US$ 25 bilhões para este ano, foi revisto para o patamar de US$ 16 bilhões. A estimativa de chegada de recursos externos para investimentos produtivos, via Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) foi reduzida de US$ 30 bilhões para US$ 25 bilhões. Por outro lado, houve melhora quanto à expectativa do BC em relação ao superávit da balança comercial, ocorrendo realinhamento da projeção dos antigos US$ 14 bilhões para US$ 17 bilhões, pois o BC acredita que o ritmo de importações cairá mais fortemente que o de exportações, fortalecendo o saldo comercial brasileiro.

Política Fiscal

Amanhã o Banco Central divulgará a nota mensal de "Política Fiscal", com os números consolidados até o final de fevereiro. Essa nota traz dados referentes ao resultado nominal (diferença entre a arrecadação e as despesas de toda a esfera pública, incluindo gastos com juros) e a especificação das despesas com juros. Há informações sobre os governos federal, estaduais e municipais, incluindo estatais. Ao final de janeiro, conforme dados do boletim de "Política Fiscal" divulgado no mês passado, o déficit nominal em 12 meses tinha crescido para 2,02% do PIB, ante 1,53% do PIB, em dezembro. Ao mesmo tempo, o resultado primário (que não considera dos gastos com juros e representa a economia feita pelo governo) caiu para 3,58% do PIB, frente 4,06% ao final de dezembro.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Ayr Aliski)