Título: Novo acordo para evitar demissões
Autor: Arruda,Guilherme
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/03/2009, Transportes, p. C5

Caxias do Sul (RS), 30 de Março de 2009 - Dirigentes dos sindicatos dos empresários e dos trabalhadores nas indústrias metal-mecânicas de Caxias do Sul aprovaram a criação de uma terceira opção no dispositivo de flexibilização da jornada de trabalho: a ampliação para até 10 dias parados por mês. Hoje o limite é cinco dias. A medida foi tomada em caráter de emergência devido ao anúncio de demissão de 1,5 mil empregados em março provocada pelo aumento do nível de ociosidade nas indústrias - principalmente as ligadas ao segmento automotivo.

Como contrapartida, a categoria dos trabalhadores teve aceito a reivindicação de garantia de emprego ou de salários. Se houver demissão durante a vigência do acordo, o trabalhador receberá o que tem de direito e mais o tempo que falta para concluir o acordo. "O objetivo é evitar demissões decorrentes", diz o presidente do Simecs, Oscar Azevedo, para quem, a ampliação da medida ajudará a manter, pelo menos, 3,5 mil postos de trabalho que corriam risco de serem dispensados. "O problema maior reside nos fabricantes de equipamentos para transporte de carga rodoviária, onde a ociosidade de algumas linhas está elevada demais, e que dependem da safra de grãos e de exportações", informa Azevedo. Ele não cita nome de empresas, mas refere-se aos dois maiores fabricantes brasileiros de implementos, Randon e Guerra.

O novo acordo inicia no dia 1º de abril e se estende até o mês de setembro. As 26 empresas que já aderiram ao primeiro acordo, em janeiro, podem fazer um termo aditivo. A exigência é que se faça uma nova votação interna, mantendo o critério (mínimo) de 63% para aprovação. Permanecem em vigor as cláusulas de compensação de dias parados ou supressão de 50% de dias não trabalhados.

O impacto no final do mês, para quem optar por 10 dias parados mensais, será a redução de 20% no salário. Atualmente 21 mil trabalhadores, de um total de 47 mil, participam de flexibilização da jornada. A folha de pagamento gira ao redor de R$ 1 bilhão por ano, conforme Balanço Social do Sindicato das Indústrias Metal-mecânicas de Caxias do Sul (Simecs).

Segundo Azevedo, as empresas podem aderir ao período de seis meses, mas fazer a opção de flexibilizar a jornada por três meses, para ver a reação do mercado e, caso seja preciso, estender por mais três meses. "A qualquer momento, no entanto, o acordo pode ser interrompido", salienta o dirigente, acrescentando que mais uma vez a entidade lança mão de ações pioneiras na tentativa de minimizar os efeitos do ambiente econômico.

Em janeiro o fundador do grupo Randon, Raul Anselmo Randon, comentou que os impactos do furacão sobre a economia brasileira deveriam ser analisados somente a partir de julho. "Nas épocas boas, tudo o que você produz vende. Agora quando começa a patinar - e não vende - precisa trabalhar diferente. Mas uma coisa é certa: o mundo não vai falir", complementa. Sua previsão é a de que nos próximos dois anos dificilmente tudo vai retornará ao normal. "O sistema que existia antes vai mudar", observa.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 5)(Guilherme Arruda)