Título: Produção Mais Limpa evita o desperdício e gera lucros.
Autor: Elmar Meurer
Fonte: Gazeta Mercantil, 22/09/2004, Gazeta do Brasil, p. B-13

Um grupo de 26 indústrias catarinenses está constatando que produzir com menor grau de impacto ao meio ambiente não é só uma questão de responsabilidade social, mas um investimento com alta rentabilidade. E que a questão ambiental não deve ser vista como um ônus, mas como uma oportunidade de economia. Nos últimos seis anos esse grupo, integrado por companhias como a Cerâmica Eliane e confecções Marisol, investiu R$ 2,2 milhões em adequações de seus processos fabris com assessoria do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) de Santa Catarina por meio do programa "Produção Mais Limpa". O resultado é uma economia anual de R$ 11 milhões.

As maiores oportunidades de economia estão na racionalização do uso da água e da energia elétrica e no combate ao desperdício de matérias-primas, que viram resíduos dentro das fábricas. "Os resultados são reflexo de uma série de pequenas coisas, que, juntas, são importantes. No dia-a-dia da empresa muitos desperdícios acabam sendo vistos como normais", diz a coordenadora de meio ambiente e segurança do trabalho da Eliane, Mariezi Olivo de Brida.

"É preciso um olhar de fora, para identificar onde estão as possibilidades de economia", diz, no mesmo tom, a coordenadora da unidade de instrumentos de gestão do IEL, Priscila Souza. Uma das questões centrais do programa é questionar a forma como as empresas produzem, mesmo que as técnicas estejam em uso há muito tempo. Na Cerâmica Eliane, por exemplo houve economia expressiva com uma simples ampliação da borda de um silo, que era uma fonte de desperdício não percebida pela linha de produção.

A Produção Mais Limpa será o tema do seminário "Caminhos para a inovação tecnológica e sustentabilidade" hoje e amanhã em Joinville, principal pólo industrial catarinense. A metodologia toma por base conceitos da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Social (Unido) e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep).

Resíduos sólidos

Até o momento o programa permitiu reduzir anualmente os resíduos sólidos gerados pelas empresas catarinenses que o adotaram em 50 mil toneladas e o de efluentes em 100 milhões de litros. A produção de resíduos perigosos sofreu queda de 50 mil quilos por ano e o consumo de água encolheu em 230 milhões de litros anuais.

A opção pelo programa na Metalúrgica Riosulense tomou por base os ganhos financeiros, diz João Stramosk, presidente da empresa, que projeta faturar R$ 70 milhões neste ano. "A parte mais difícil do programa é a mudança cultura exigida pelo programa. Por isso é necessário insistir na importância dele não só na primeira fase", diz.

É por isso que a primeira fase do leva seis meses. Nesse período consultores do IEL vão até a empresa para ajudar a identificar os desperdícios que ocorrem nas fábricas. Nessa fase são treinados funcionários e formados os grupos de trabalhadores responsáveis pelo programa e para que ele chegue a todo o corpo funcional. "Trata-se de uma transferência de conhecimento", diz Priscila.