Título: Desempenho do Pará é superior ao do resto do País.
Autor: Raimundo José Pinto
Fonte: Gazeta Mercantil, 22/09/2004, Gazeta do Brasil, p. B-14

As exportações paraenses voltaram a ter um desempenho bem superior às exportações brasileiras, de acordo com o mais recente resultado da balança comercial, divulgado pelo Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa).

Pela primeira vez a pauta de exportações do Pará passou a contar com a contribuição, entre os produtos minerais, do minério de cobre, que começou a ser produzido em junho no Sossego, em Canaã dos Carajás, pela Companhia Vale do Rio Doce, com a exportação de US$ 51 milhões, já representando uma participação de 2,21% na pauta estadual de exportação, acima de alguns produtos tradicionais, como a pimenta-do-reino, a castanha-do-pará, o camarão e o palmito, e de alguns minerais, como o manganês e o silício.

Enquanto as exportações do Brasil aumentaram 34,83% entre janeiro e agosto deste ano, em comparação com o mesmo período do anos passado, atingindo US$ 61 bilhões, as vendas do Pará para o exterior tiveram um acréscimo de 47,07%, chegando a US$ 2,3 bilhões. Como as importações paraenses cresceram apenas 4,85% nesse período, com US$ 191 milhões, o saldo da balança estadual cresceu 52,57%, enquanto o aumento do saldo brasileiro não passou dos 45,11%. Nos meses anteriores, as exportações do Pará vinham crescendo num ritmo inferior às do Brasil.

E mais uma vez os produtos minerais aumentaram sua participação na pauta de exportações do estado. No balanço do CIN de janeiro a junho, essa participação estava em 74,85% e passou para 76,10% entre janeiro e julho, atingindo agora o percentual de 77,34% entre janeiro e agosto, ficando a participação dos produtos tradicionais em 22,14% neste último período. Entre janeiro e agosto de 2003 a exportação de produtos minerais havia sido de US$ 1,192 bilhão, passando para US$ 1,799 bilhão no mesmo período de 2004, um aumento de 50,88%.

Expansão geral

Danilo Remor, presidente da Federação das Indústrias do Pará, destaca que esse boletim do CIN e os dados divulgados semana passada pelo IBGE comprovam a expansão que a indústria paraense vem vivendo nos últimos anos, tanto na área de mineração, como de madeira e do agronegócio.

"Todo o Estado do Pará está passando por um processo de crescimento. E deverá crescer ainda mais porque nas próximas estatísticas já deve entrar maior volume de exportação de cobre e a expansão das produções de alumina e alumínio, mais tarde a extração de bauxita em Paragominas, o níquel. Além disso, novos frigoríficos e fábricas de calçados entram em operação, a pesca está se recuperando, a madeira cresce cada vez mais em valor agregado, com melhores preços, e no próximo ano teremos a produção de cerveja da nova fábrica da Schincariol", afirmou Remor.

Ele ressalta que a participação do cobre será cada vez maior nas exportações paraenses, principalmente depois da entrada em operação da segunda mina na região de Carajás, a 118, que vai produzir o cobre metálico, com preço cerca de três vezes melhor do que o do cobre concentrado do Sossego, segundo Remor. Mas mesmo o cobre concentardo tem preço significativo no exterior. Pelo boletim do CIN, o seu preço médio foi de US$ 689,00 a tonelada, abaixo apenas do alumínio, que atingiu US$ 1.595,96, e do silício, com US$ 1.125,68.

A exemplo do que ocorreu nos dois últimos boletins divulgados pelo CIN da Fiepa, o ferro produzido pela Vale em Carajás vem aumentando sua participação na pauta de exportações, onde ocupa o primeiro lugar há muito tempo. No boletim de junho essa participação era de 23,09%, passou para 25,13% em julho e em agosto estava em 27,93%, com a exportação de US$ 649 milhões nos oito primeiro meses do ano.

Melhores preços

A tendência é de melhoria do desempenho nos próximos anos, em razão dos dez contratos fechados em menos de um ano pela Vale para a exportação de minério de ferro. Somente na semana passada a empresa brasileira, maior produtora e exportadora de ferro do mundo, fechou contrato com uma das maiores siderúrgicas japonesas, a JFE Steel Corporation, para a venda de 70 milhões de toneladas de ferro pelo prazo de dez anos, já a partir de 2005.

Depois do ferro, o alumínio é o produto mineral com melhor volume de exportação nos primeiros oito meses do ano, com 18,95%, vindo depois a alumina (6,61%), o caulim (6,61%), o ferro-gusa (4,88%), a bauxita (4,44%), o cobre (2,21%), o manganês (1,93%) e o silício (1,01%). Mas o melhor desempenho registrado no último boletim foi obtido pelas exportações de ferro-gusa, com um crescimento de 148,42% no volume exportado nos primeiros oito meses de 2004, em relação ao mesmo período do ano passado (de US$ 45,7 milhões para US$ 113,5 milhões). Em seguida aparecem o manganês (91,45%), a bauxita (71,56%), a alumina (60,27%) e o ferro (55,18%).O aumento da participação dos minerais na pauta de exportação do Pará foi não apenas em volume. Os preços também melhoraram, na comparação entre os primeiros oito meses deste ano com janeiro a agosto de 2003. Mais uma vez o melhor desempenho foi do ferro-gusa, com uma variação positiva de 44,74% no período, passando de um preço médio de US$ 112,25 a tonelada em 2003, para 162,47 este ano. Depois, destaque para a alumina (preços médios 25,89% melhores), o alumínio (19,51%), o silício (18,50%), o ferro (17,47%), a bauxita (7,27%) e o manganês (5,33%). Apenas o caulim registrou preços médios menores este ano que os do ano passado.Entre os produtos tradicionais, o destaque mais uma vez é para a madeira. De US$ US$ 217 milhões exportados nos primeiros oito meses do ano passado, atingiu US$ 335 milhões no mesmo período de 2004, um crescimento de 54,36%. As exportações de madeira representam 14,44% de todas as vendas externas do Pará. Seus preços médios também cresceram no período (14,69%).

Mais uma vez, o melhor desempenho entre os tradicionais foi obtido pelo dendê, com um crescimento de 1.505%, isso apesar da queda do preço médio do produto mostrado no mais recente boletim do CIN. É que este ano a Agropalma, maior produtor latino-americano de óleo de palma, passou a priorizar o mercado externo. Depois da madeira, os produtos tradicionais com melhor participação na pauta de exportações do estado são a pasta química de madeira (4,23%), a pimenta-do-reino (0,87%), o camarão (0,56%) e peixe (0,45%). Pelo menos quatro produtos tiveram queda significativa no volume exportado este ano na comparação com 2003: soja (¿72,97%), couros e peles (¿22,74%) e sucos de frutas (¿22,73%). Quanto aos preços médios dos produtos traidionais, os melhores foram obtidos pela castanha-do-pará (88,18%), vindo depois a soja (25,82%), a madeira (14,69%) e o camarão (14,27%).

kicker: A tendência é de melhoria em razão dos dez contratos fechados pela Vale