Título: IGP-DI tem maior queda desde 1995
Autor: Stecanella,Vanessa
Fonte: Gazeta Mercantil, 08/04/2009, Brasil, p. A4

8 de Abril de 2009 - O recuo dos preços no atacado foi o principal responsável pela deflação de 0,84% do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) em março, a menor variação verificada desde setembro de 1995. Em fevereiro, o índice teve variação negativa de 0,13%. O IGP-DI de março foi calculado com base nos preços coletados entre os dias 1 e 31 do mês de referência. No ano o IGP-DI caiu 0,95%, acumulando alta de 5,86% em 12 meses, informou ontem a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Os preços no atacado fizeram a diferença no indicador de março, revelando que a demanda continua em desaceleração, avalia Rodrigo Nassar, gerente da mesa financeira da Hencorp Commcor Corretora. Em março, o Índice de Preços por Atacado (IPA) apresentou deflação de 1,46%, ante -0,31%, no mês anterior. "Apesar disso, a deflação do IGP-DI ficou dentro das expectativas", afirma.

De acordo com relatório da LCA Consultores, a intensificação da deflação do IPA se deu, sobretudo, pela desaceleração dos preços de itens de metalurgia básica, máquinas e equipamentos, veículos automotores, reboques, carrocerias e autopeças e produtos alimentícios e bebidas. Mas os produtos agrícolas também contribuíram para esta importante redução dos preços no atacado. Entre fevereiro e março, a descompressão foi puxada pelos preços de milho, soja, feijão e arroz.

Para José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, os dados indicam que o processo de reajustes de preços para baixo no atacado, forçado pelo ritmo de atividade fraco, não aparenta estar diminuindo. "Muito pelo contrário", enfatiza o economista. Ele destaca que a força da desaceleração da atividade também pode ser vista pela queda de preços na construção civil, "sendo que essa é afetada quase que somente pelo recuo da demanda interna". O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) teve retração de 0,27% para -0,25%, refletindo o decréscimo dos três componentes: Materiais e Equipamentos (0,24% para -0,71%), Serviços (0,6% para 0,09%) e Mão-de-Obra (0,23% para 0,1%).

Essa é a primeira deflação do INCC desde novembro de 1998, entretanto, Gonçalves destaca que apesar da variação acumulada em doze meses do INCC-DI ter diminuiu (de 11,67% em fevereiro para 10,66% em março), ainda se encontrando num patamar alto devido à inflação muito intensa verificada nos meses anteriores.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) registrou alta de 0,61% em março, acima da apurada no mês de fevereiro, de 0,21%. Quatro das sete classes de despesa apresentaram acréscimos, sendo que a maior contribuição para a aceleração do índice partiu do grupo Alimentação (-0,12% para 1,25%) seguido por Vestuário (-0,71% para 0,26%), Despesas Diversas (0,18% para 0,60%) e Habitação (0,25% para 0,38%).

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 4)(Vanessa Stecanella/ InvestNews)