Título: Novo chefe da Infraero
Autor: Vieira, Marta ; Jeronimo, Josie
Fonte: Correio Braziliense, 25/03/2011, Economia, p. 8

O governo deve deixar, no futuro próximo, de ser o único dono da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). A abertura de capital da companhia, à semelhança do que ocorre com o Banco do Brasil e a Petrobras, em que a União continua sendo o acionista majoritário, foi defendida ontem pelo seu novo presidente, Gustavo do Vale. ¿Esse é o futuro em que acredito para a Infraero¿, disse durante a solenidade de transmissão de cargo, que ocorreu no aeroporto de Brasília.

De acordo com Vale, a oferta de ações pode ser possível num prazo de três anos. Antes disso, reconheceu, será preciso resolver o problema dos ativos da companhia, já que ela opera em áreas da União. ¿O que a empresa tem hoje são concessões¿, explicou. O estudo para a abertura de capital está a cargo do Tesouro Nacional, que também tratará de eliminar as incertezas jurídicas com relação à composição do patrimônio.

Para um auditório lotado de autoridades da área, de presidentes de empresas aéreas e de companheiros do Banco Central ¿ ex-diretor do BC, Vale brincou que tinha quórum suficiente para uma reunião do Comitê de Política Monetária, órgão que define a taxa básica de juros da economia ¿, o novo responsável pelos aeroportos prometeu uma gestão eficiente e transparente. ¿Não existe plano B. É ganhar ou ganhar¿, observou.

Diante do desafio de dotar os 67 terminais brasileiros de uma infraestrutura capaz de suportar o aumento da demanda, que cresceu 21% em 2010 e deve atingir 180 milhões de usuários neste ano, Gustavo do Vale disse estar convencido de que a empresa vai dar conta do recado. Os investimentos até 2014 serão de R$ 9 bilhões, sendo R$ 5,23 bilhões nas 12 cidades em que haverá jogos da Copa do Mundo, que concentram 87% do tráfego aéreo.

Vale reconheceu que o prazo é curto e que várias obras, tocadas por pequenas e médias empresas, estão atrasadas. ¿Vai dar tempo¿, assegurou. O novo comandante da Infraero procurou demonstrar pouca preocupação com a Copa e as Olimpíadas. ¿O problema não é a Copa do Mundo, que vai trazer mais 500 mil turistas. Esse contingente nós transportamos todo dia. Nosso problema é o aumento da demanda.¿

Ele também defendeu que a Infraero use da parceria público-privada para investir onde não há retorno nem, portanto, interesse da iniciativa privada. O modelo será estendido para o terceiro terminal de Guarulhos, em São Paulo. A Infraero vai contratar uma empresa para montar o projeto e indicar qual a melhor forma para o acordo. Uma companhia privada construirá o terceiro terminal com recursos próprios ganhando, em troca, o direito de explorar comercialmente o espaço, inclusive com relação às lojas, destinadas ao atendimento dos passageiros.