Título: Cuba reforça interesse em ter os Estados Unidos como parceiros
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Fonte: Gazeta Mercantil, 06/04/2009, InfraEstrutura, p. C3
Cidade do México, 6 de Abril de 2009 - Cuba receberia de braços abertos a ajuda das empresas norte-americanas para desenvolver seu setor petrolífero no caso de ser suspenso o embargo comercial imposto pelos Estados Unidos sobre a ilha, que já dura 47 anos, disse Manuel Marrero Faz, assessor-sênior de petróleo do Ministério da Indústria de Base de Cuba.
"Estamos abertos", disse Marrero Faz, observando que empresas chinesas, russas e angolanas estão em conversações sobre a possível exploração de áreas a cerca de 160 quilômetros ao largo da costa dos Estados Unidos. "Estamos muito próximos um do outro. Somos vizinhos. Não há por que não fazermos negócios juntos."
Se empresas norte-americanas operantes nas proximidades oferecessem serviços e suprimentos, Cuba conseguiria baixar seus custos e intensificar seu ritmo de desenvolvimento, disse Marrero Faz, que estudou geologia na ex-União Soviética. A dificuldade de obter equipamentos dos parceiros por esquemas de cooperação mútua mundiais é o principal motivo de apenas um poço em águas profundas ter sido perfurado até agora, disse ele.
Os comentários de Marrero Faz representam um dos sinais mais eloquentes já dados de que o presidente de Cuba, Raúl Castro, está preparado para inaugurar um novo relacionamento com os Estados Unidos sob o governo Barack Obama. Em Washington, a incipiente indústria petrolífera de Cuba está ajudando a alimentar uma crescente campanha para abrandar o embargo comercial norte-americano, instituído pelo presidente John F. Kennedy em 1962 na tentativa de derrubar o regime de Fidel Castro, aliado da União Soviética.
Os interesses comerciais dos Estados Unidos - que acompanha de esguelha o acúmulo de contratos firmados por seus concorrentes mundiais com Cuba - bem como seus parlamentares e grupos políticos estão intensificando o clamor de que chegou a hora de mudar.
"É besteira os Estados Unidos proibirem suas empresas de virem aqui", disse Gustavo Echeverría, pesquisador do Centro de Investigação em Petróleo de Cuba, que falou depois de fazer uma apresentação num simpósio realizado em Havana sobre petróleo no mês passado. "Todos os outros estão assumindo os campos próximos."
(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 3)(Bloomberg News)