Título: Iraque quer comprar mais do Brasil
Autor: Vizia,Bruno De
Fonte: Gazeta Mercantil, 07/04/2009, Brasil, p. A5

São Paulo, 7 de Abril de 2009 - Para reconstruir sua combalida infraestrutura e ampliar o ainda incipiente comércio exterior, o Iraque quer mais participação do Brasil. O ministro do Planejamento do Iraque, Ali Baban, esteve ontem em São Paulo para realizar encontros com empresas e fortalecer as relações entre os dois países.

Hoje, em Brasília, o ministro iraquiano deve se encontrar com Paulo Bernardo, ministro do Planejamento, para discutir a ampliação do comércio entre os dois países, tanto em volume quanto em variedade. Atualmente a pauta bilateral envolve cerca de 90 itens, para uma corrente comercial que somou pouco mais de US$ 1,5 bilhão em 2008.

Somente no primeiro bimestre deste ano as exportações brasileiras para o Iraque somaram US$ 95,5 milhões, valor que supera em 22% os US$ 78 milhões auferidos nos três primeiros meses do ano passado, segundo dados da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Iraque. O País importa basicamente petróleo do Iraque, comércio que totalizou US$ 1,17 bilhão em 2008.

O Brasil foi o único país latinoamericano visitado pelo ministro, que dedicou boa parte de sua agenda de ontem a encontros com representantes da indústria automobilística brasileira, com foco na compra de caminhões, automóveis.

Segundo Baban, o esforço iraquiano reflete um novo momento na reconstrução do país, que teve boa parte de sua infraestrutura destruída por conta da guerra contra os Estados Unidos. O Iraque enfrenta dificuldades na armazenagem de grãos e produtos, e por conta disso cerca de dois terços das exportações brasileiras ao país são feitas de modo triangular, ou seja, chegam ao país por intermédio de importadores localizados em países próximos, como Turquia, Kuait, Síria e Jordânia. Petróleo e construção civil

O ministro do planejamento iraquiano destacou que espera maior participação de empresas brasileiras em setores como construção civil, na indústria de alimentos, principalmente nos produtos agrícolas, e na indústria petrolífera, já que o Iraque representa a segunda maior reserva de petróleo do mundo.

"A Petrobras passou na primeira fase, e o governo iraquiano a considerou apta para participar das licitações dentro da área petrolífera", afirmou Baban, destacando que a empresa brasileira poderá participar de todas as áreas da cadeia de extração. Inicialmente estão previstas para os próximos meses licitações para contratos de estudos geológicos e de prospecção, fase preparatória para a extração.

Bolsa Família

O governo iraquiano havia demonstrado interesse no Bolsa Família, programa brasileiro de distribuição de renda, e o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) visitou o país árabe no início do ano passado para divulgar a programa.

Entretanto a proposta foi descartada, e Baban afirmou que o Iraque já possui programas semelhantes, mas feitos de outra forma. O país distribui cestas básicas a qualquer cidadão, cujo custo totalizou US$ 6 bilhões em 2008. "O Bolsa Família atuaria no consumo, e hoje o Iraque precisa mais de investimentos para a reconstrução de suas indústrias", concluiu.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Bruno De Vizia)

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 07/04/2009 02:07