Título: Usiminas investe mais e pode ampliar demissões
Autor: Guimarães,Durval
Fonte: Gazeta Mercantil, 03/04/2009, Indústria, p. C5

Belo Horizonte, 3 de Abril de 2009 - No curto espaço de trinta e cinco minutos, a Usiminas mostrou ontem, em Belo Horizonte, uma crise existencial, iniciada no final de 2008, com a crise financeira internacional. Às 12h45, em solenidade no Palácio da Liberdade, o presidente da empresa, Marco Antônio Castello Branco, assinou protocolo de intenções com o governador Aécio Neves no qual se compromete a ampliar os investimentos da empresa em Minas Gerais, que eram R$ 9,1 bilhões para R$ 19,1 bilhões nos próximos anos, com a geração de 7.574 empregos. Mas às 13h20, o dirigente informava em entrevista à imprensa, no mesmo palácio, que a empresa fará novas demissões de funcionários para adequar a produção à redução da atual demanda.

Castelo Branco informou que, desde dezembro, foram dispensados 908 metalúrgicos e que as demissões pararam apenas em respeito à liminar expedida pelo Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais na terça feira. "É inevitável: não se cria postos de trabalho por decreto ou decisão judicial. Precisamos de mercado, de demanda", declarou.

De acordo com o protocolo de intenções assinado ontem, a Usiminas mais que dobrou seus investimentos previstos no protocolo anterior, divulgado há 12 meses, também no Palácio da Liberdade, quando o setor siderúrgico passava pelo maior período de prosperidade da sua história. Anteriormente, o investimento previsto era de R$9,1 bilhões, com geração de cerca de 4 mil empregos. Agora, os investimentos passaram a R$ 19,1 bilhões, geração de 7,5 mil empregos.

Para que fosse possível essa ampliação, funcionários públicos presentes à reunião informaram que o governo de Minas concordou em oferecer novos incentivos fiscais, como o diferimento na compra de equipamentos, cujo teor não foi divulgado. Também ampliou sua parte na execução de rodovias de acesso, construção de casas, segurança pública e educação. Em contrapartida, a Usiminas passou a concentrar em Belo Horizonte toda a movimentação do grupo. Sendo assim, Cosipa, bem como as distribuidoras de aço de propriedade do grupo, a Rio Negro, a Dufer, a Fasal e a Zamprogna passam a ser filiais da empresa. "Todo o faturamento gerado pela Cosipa passa a ser da Usiminas e com isso criaremos mais corpo para o grupo em Minas", declarou.

Segundo o protocolo de intenções, a empresa realizará investimentos de cerca de R$3 bilhões este ano em Minas, sobretudo na produção de estudos e projetos e na construção do novo aeroporto de Ipatinga, que será localizado no município de Belo Oriente e que consumirá R$105 milhões.

Castelo Branco confirmou que as duas usinas, em Ipatinga e Cubatão, continuam com o total de três fornos parados e que a velocidade das obras dependerá não apenas da transferência dos vôos, mas do crescimento da demanda para o aço. Disse que a retomada da indústria automobilística ainda não compensa as perdas com as exportações, mas que há uma ligeira melhoria no mercado doméstico exatamente por conta do setor automotivo. O dirigente se queixou da falta de perspectiva de exportações, da enorme depressão dos mercados mundiais. "Há excesso de oferta e por isso estamos perdendo a capacidade de competição", declarou.

(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 5)(Durval Guimarães)