Título: G20 anima investidor e dólar cai a R$ 2,23
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Fonte: Gazeta Mercantil, 03/04/2009, Finanças, p. B2

3 de Abril de 2009 - O grande evento de ontem, a reunião dos líderes do G20 que aprovou um pacote de recursos novos no valor de US$ 1 trilhão para o Fundo Monetário Internacional (FMI) e outros órgãos multilaterais, reforçou a aposta de que o pior da crise já passou. A euforia mundial contagiou os mercados de ações, câmbio e commodities. O dólar se desvalorizou e terminou o dia vendido a R$ 2,234, em baixa de 2,02%. Em Wall Street, a flexibilização das regras de marcação ao mercado impulsionou os papéis do setor bancário.

No câmbio, os investidores desmontaram posições compradas, confiantes de que dias melhores estão por vir, especialmente agora após o acordo do G20. Segundo o diretor-executivo da corretora NGO, Sidnei Nehme, o mercado de câmbio doméstico aponta para um quadro de conforto, já que o Brasil é detentor de reservas internacionais suficientes para cobrir a totalidade da dívida pública e privada externa. "Há alguma resistência a uma queda abaixo de R$ 2,20, dada a existência de demanda efetiva por hedge neste patamar. Entretanto, neste segundo trimestre, o dólar deve assumir preços compatíveis com o contexto do País, entre R$ 2 a R$ 2,10", avalia.

Declínio global

A posição do dólar como moeda de reserva do mundo já está em declínio e o seu valor vai cair, com a diversificação das moedas em posse dos bancos centrais, segundo a Calyon, uma divisão do Credit Agricole. A quantidade total de dólares nas reservas de moedas estrangeiras globais informadas caiu US$ 110 bilhões no último trimestre de 2008, a primeira queda em sete anos. O índice ICE Dollar, de Nova York, uma medida do valor ponderado pela relação da moeda norte-americana no intercâmbio comercial, declinou na última década, enquanto a participação da moeda dos Estados Unidos nas reservas encolheu de cerca de 73% em 2001 para 64%. "Realmente, a última década foi a era dos EUA e do dólar", disse Sebastien Barbe, estrategista-chefe para mercados emergentes da Calyon. "``Nos próximos anos, talvez mesmo na próxima década, os bancos centrais vão abandonar o dólar."""

A participação do euro nos US$ 4,21 trilhões de reservas cuja composição foi informada ao Fundo Monetário Internacional (FMI) era de 26,5% no fim de dezembro, uma alta de 17,9% em relação a nove anos antes. O total de reservas era de US$ 6,71 trilhões. O euro teve uma valorização de 32% em relação ao dólar esta década e o Índice ICE Dollar caiu 16%.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Simone e Silva Bernardino / InvestNews c/Bloomberg News)