Título: Oposição quer explicação sobre demissão no BB
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Fonte: Gazeta Mercantil, 09/04/2009, Brasil, p. A10

Brasília, 9 de Abril de 2009 - Os presidentes dos três principais partidos de oposição ao governo - PSDB, DEM e PPS - vão pedir a convocação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, para ir ao Congresso dar explicações sobre a demissão do presidente do Banco do Brasil, Antônio Francisco de Lima Neto.

Em nota assinada pelos presidentes do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), e do PPS, Roberto Freire, e o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), eles questionam a versão do governo sobre o afastamento e dizem que ela "não tem credibilidade, uma vez que não faz referência ao trabalho que estava sob a responsabilidade do servidor demitido".

Ao anunciar a demissão do presidente do BB ontem (veja mais sobre o assunto na página B1), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a queda do spread bancário virou uma "obsessão" para o governo. O spread é a diferença entre os juros pagos pelos bancos ao captar dinheiro e os juros por eles cobrados ao conceder empréstimos aos clientes.

Sem licitação

A nota da oposição também chama a atenção da sociedade para a edição da Medida Provisória (MP) 443, na qual o BB e a Caixa Econômica Federal (CEF) passam a ter liberdade de comprar participação em instituições financeiras em dificuldades.

Para a oposição, "não é bom para o país que os dois principais bancos públicos brasileiros realizem negócios sem licitação com instituições financeiras, empresas do ramo de seguro, previdência e capitalização, como vem acontecendo". As regras estão "frouxas" e em desacordo com os princípios da probidade administrativa, na opinião de Guerra, Maia e Freire.

Além do ministro Guido Mantega, a oposição também vai pedir a convocação do ex-presidente do BB Lima Neto e da presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Ramos Coelho. O requerimento deve ser apresentado às mesas diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

O PSDB apresentará na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE), na próxima semana, um convite para que o ministro da Fazenda explique os motivos da demissão do presidente do BB.

"Operações importantes foram feitas no Banco do Brasil, há muitos comentários e muita coisa a ser esclarecida sobre essas operações e é por aí que nós devemos desenvolver um trabalho para esclarecer à sociedade, aos acionistas dos bancos, sobre os fatos reais que motivaram esse afastamento", afirmou Sérgio Guerra..

EspeculaçãoO líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), qualificou a atitude do PSDB como "uma especulação da oposição". Para ele, a demissão de Lima Neto não tem nada a ver com qualquer operação realizada pela instituição.

Com o mesmo discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Guido Mantega, o líder do governo defende que os bancos oficiais atuem de forma mais incisiva na concessão de crédito para forçar as instituições financeiras privadas a reduzirem as taxas de juros.

"O Banco do Brasil é uma locomotiva financeira. O governo federal está numa cruzada para colocar o país nos trilhos e tem que ter crédito compatível com a realidade do risco brasileiro", disse Romero Jucá.

Já o senador Delcídio Amaral (PT-MS) considera que o presidente Lula acertou no mérito, que é o de usar o Banco do Brasil como um instrumento para baixar o spread. Mas, o parlamentar alerta para a necessidade da instituição atuar com o objetivo de dar resultados.

"O Banco do Brasil tem que apresentar rendimentos compatíveis com o que os acionistas esperam dele. Na minha percepção não vai se mudar o rumo [da política] que o banco até então adotou ao longo do governo Lula", disse Delcídio Amaral.

O parlamentar elogiou a estratégia utilizada pela direção do Banco do Brasil de expandir suas atividades a partir de operações de compras de bancos. Ele acrescentou que a instituição financeira não deve alterar sua forma de agir.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 10)(Agência Brasil)