Título: Spread elevado derruba o presidente do Banco do Brasil
Autor: Monteiro,Viviane
Fonte: Gazeta Mercantil, 09/04/2009, Finanças, p. B1

Brasília, 9 de Abril de 2009 - O novo presidente do Banco do Brasil (BB), Aldemir Bendine, irá entrar no comando do banco estatal com uma cartilha pré-estabelecida pelo governo que prevê a queda dos juros e a redução dos spreads bancários. Ontem, o governo anunciou a substituição de Antonio Lima Neto da presidência da instituição. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a saída de Lima Neto já havia sido tomada por ele há mais tempo. As informações que circularam nos corretores da Esplanada dos Ministérios são de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia pedido o cargo de Lima Neto por ele resistir a reduzir as taxas de spreads bancários.

Ao descartar motivações políticas para a saída de Lima Neto do comando do banco, cargo que ocupava desde dezembro de 2006, Mantega afirmou que Bendine assumirá o novo posto com um contrato de gestão específico com a missão de adotar uma política de crédito mais ousada e agressiva, para reduzir juros e ganhar clientes. Mantega, que dominou o discurso durante a entrevista concedida à imprensa, avisou que o crédito continua escasso nessa atual conjuntura de crise financeira mundial.

"É um compromisso do presidente (BB), da diretoria que se reunirá comigo amanhã (quinta-feira). Vamos perseguir metas de aumento de crédito, ampliar o número de correntistas oferecendo condições melhores de juros que outros bancos. Vamos disputar market share", disse o ministro. "O atual momento de crise internacional exige ousadia e a missão de Bendine é manter os critérios de segurança (na liberação de crédito) e, ao mesmo tempo, ter ousadia na liberação de crédito e redução do spread", complementou o ministro.

Bendine é funcionário de carreira do banco há 30 anos e atualmente ocupa o cargo de vice-presidente de Cartões e Novos Negócios de Varejo do BB. Ele assumirá a presidência no dia 22.

Mantega disse que Lima Neto não saiu do banco, embora não tenha dado detalhes de seu novo posto. Cauteloso, o novo presidente do BB respondeu não ter vinculação partidária. Ele disse que a adoção de uma política de crédito mais agressiva e de redução de spread é algo "já estabelecido". Segundo ele, "temos uma economia cada vez mais sólida e vamos combater, do ponto de vista da rentabilidade, a alta do spread com o aumento do volume (de crédito)."

Mantega disse que a saída de Lima Neto havia sido decidida por ele há algumas semanas e fez questão de dizer que o convidaria para assumir uma posição "importante" dentro do conglomerado do Banco do Brasil, instituição que responde ao Ministério da Fazenda. Caso vá para a iniciativa privada, Lima Neto teria que cumprir a "quarenta" de quatro meses, conforme regulamento do BB.

Tentando demonstrar tranquilidade, Lima Neto reconheceu que está encerrando uma fase no BB. "É um ciclo que se completa e temos que seguir adiante. Estou satisfeito em ter concluído passos importantes no BB, com ajuda do governo e, principalmente, do Ministério da Fazenda", disse Lima Neto. Ele citou o processo de entrada do banco no mercado secundário, que exige boas práticas bancárias e transparência, e a expansão de agências em Minas Gerais.

Lima Neto rebateu as críticas da oposição de que estaria deixando a presidência do banco por supostas irregularidades ocorridas no âmbito da Medida Provisória que permite a compra de bancos privados. Segundo ele, as operações foram feitas dentro "das boas práticas bancárias". Uma das principais críticas da oposição é sobre a compra do Banco Votorantim.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Viviane Monteiro)