Título: Descompressão do risco favorece real
Autor: Simone ; Bernardino,Silva
Fonte: Gazeta Mercantil, 09/04/2009, Finanças, p. B2
9 de Abril de 2009 - A descompressão do risco-Brasil e a volta de investidores estrangeiros à bolsa paulista derrubaram as cotações do dólar nesta quarta-feira. A moeda norte-americana encerrou o dia em baixa de 0,68%, vendida a R$ 2,203. Desde o início de outubro passado, o risco país (Embi+, sigla em inglês para Emerging Markets Bonds Index), calculado pelo banco JP Morgan, passou de cerca de 430 pontos para 380 pontos.
Segundo os analistas da consultoria LCA, a redução da aversão ao risco em escala global parece estar associada não somente à boa recepção dos mercados às medidas anunciadas pelo G-20, mas também pela percepção cada vez mais disseminada entre vários especialistas de que o fundo do poço da atividade econômica global, se ainda não foi atingido, está perto de o ser.
Nos últimos meses, além da melhora dos fluxos financeiros, sinalizada pela queda do risco, a balança comercial também vem apresentando recuperação. No trimestre, o saldo comercial está superavitário em US$ 3,012 bilhões - volume 9,1% maior do que o verificado em igual período de 2008. Diante deste quadro, a consultoria projeta que o câmbio deve oscilar no nível de R$ 2,25 nos próximos meses. Já para o final do ano, é possível que a taxa se aproxime de R$ 2,15, ou até um pouco abaixo disso, embora a incerteza global ainda elevada mantenha viva a possibilidade de que a cotação possa subir.
Apesar da melhora no ambiente, dados divulgados ontem pelo BC mostram que o fluxo cambial fechou março negativo em US$ 797 milhões. Nos primeiros três dias deste mês, ainda segundo o BC, o fluxo também ficou negativo em US$ 498 milhões de dólares.
No ambiente externo, a ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o BC dos Estados Unidos) ocupou as atenções. No relatório, os membros alegaram que o temor de que a recessão por lá pudesse se aprofundar levou o Fed a injetar US$ 1,15 trilhão na economia. No documento, o comitê reduziu suas projeções para atividade econômica no segundo semestre deste ano e para 2010. "A expectativa é de que a economia encontre estabilidade no segundo semestre e tenha uma expansão lenta em 2010 na medida em que as pressões sobre os mercados financeiros diminuam, os efeitos do pacote de estímulo se consolidem, os ajustes de estoques sejam concluídos e a correção no mercado imobiliário chegue ao fim", frisa a ata.
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 2)(Simone e Silva Bernardino/InvestNews)