Título: Álcool a preço de gasolina
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Fonte: Correio Braziliense, 25/03/2011, Cidades, p. 38

A partir de hoje o motorista que abastecer o carro com álcool pagará R$ 0,35 a mais no litro, ou seja, um aumento de 14,05%. Esta é a oitava alta no ano. De acordo com Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Automotivos e de Lubrificantes do Distrito Federal (Sindicombustíveis-DF), os donos dos postos deverão comprar o álcool mais caro e essa diferença deve ser a mesma repassada ao consumidor. Os empresários não pretendem arcar sozinhos com o prejuízo. Nas bombas, o valor poderá chegar a R$ 2,84, equivalente ao preço da gasolina, que ainda não foi reajustada. Como na composição do derivado do petróleo há 25% de etanol, a alta repercutirá no seu preço final ao consumidor provavelmente nos próximos dias.

De acordo com Sindicombustíveis-DF, as usinas repassaram, desde janeiro, um aumento de 38% para as distribuidoras. Com isso, o custo para osrevendedores subiu 41,6 %. Na semana passada, os proprietários de postos de combustível do Distrito Federal anunciaram dois reajustes. Um de R$ 0,11 sobre o litro do álcool, por parte das distribuidoras e que seria repassado ao consumidor, e outro de R$ 0,10. Com tantos ajustes, a gasolina também teve aumento, de R$ 0,04.

O sindicato defende que por trás dessa onda de reajustes está a falta de estoque de etanol. Além da entressafra, que reduz a oferta de cana, os usineiros estariam mais interessados na produção de açúcar. Sem que haja uma política que os obrigue a manter um limite nos estoques, os preços estariam muito suscetíveis a solavancos. Enquanto isso, os donos de carros flex sentem saudades dos tempos em que faziam contas para checar se valeria a pena completar o tanque com álcool ou gasolina. Hoje, além de não ser vantajoso abastecer com etanol em nenhum ponto do país, também não há previsão de recuo dos preços.

O presidente do Sindcombustíveis-DF, José Carlos Ulhôa Fonseca, entende que o governo deve tomar providências diante desses reajustes frequentes. Segundo ele, o elevado preço do combustível é prejudicial tanto para consumidores, quanto para o setor. ¿É lamentável. Passamos a comprar pelo preço que vendíamos e a redução do consumo é violenta. Eu mesmo tenho seis bombas de álcool no meu posto. O que vou fazer com elas?¿, questiona. ¿Por mais que seja uma situação temporária, o prejuízo é muito grande¿, lamenta.

De acordo com levantamento do Sindicato dos Distribuidores de Combustíveis (Sindicom), o consumidor respondeu à disparada dos preços e houve uma queda de 40% nas vendas de todo o país, apenas na semana passada, ao comparar com a média de janeiro e fevereiro.

O diretor da Rede Gasol, Antônio Matias, dono de 91 dos 320 postos do DF, acredita que o acréscimo somente será repassado aos brasilienses no início da próxima semana, quando acabarem os estoques formados com valores antigos. Para ele, o aumento, além de absurdo, desestabiliza o setor, por colocar em patamares de preços semelhantes combustíveis com rendimentos diferentes.

Posto em supermercado Após as altas do álcool e da gasolina anunciadas por empresários do DF, o deputado Chico Vigilante fez um apelo aos colegas distritais para aprovação do Projeto de Lei Complementar n° 1/2011, de autoria dele, que dispõe sobre as instalações de postos de abastecimento em estacionamentos de supermercados, hipermercados, shopping centers e similares.