Título: Aécio confirma que sairá do governo em março
Autor: Guimarães,Durval
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/04/2009, Brasil, p. A9

Belo Horizonte, 24 de Abril de 2009 - O governador Aécio Neves (PSDB) confirmou ontem em Belo Horizonte que sairá do governo em março do próximo ano para concorrer à presidência da República nas eleições de outubro de 2010 e que não passa pela sua cabeça disputar o Senado Federal, pois não trabalha na vida com "plano B".

O presidenciável tucano reafirmou suas declarações proferidas em solenidade do Dia de Tiradentes, na última terça-feira, em Ouro Preto, interior mineiro, quando se despediu daquele evento que, para ele, durante sete anos no cargo, sempre foi muito marcante. "A possibilidade de eu não sair do governo é apenas no caso de encerrar minha atividade política, porque aí eu não poderia disputar qualquer cargo", declarou.

O governador de Minas fez essas declarações em entrevista à imprensa logo após reunião com um grupo de auxiliares, na qual decidiu publicar hoje no "Minas Gerais" - o jornal oficial do estado - um decreto estabelecendo rigorosas metas de contenção do custeio da administração pública no estado.

Aécio Neves trava desde o ano passado uma luta interna no PSDB pela indicação do partido para disputar a sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na corrida presidencial de 2010. Seu adversário é o governador de São Paulo, José Serra. Em campanha há meses pela realização de prévias junto aos filiados da legenda em todo o País, Aécio continua realizando um roteiro de visitas Brasil afora em busca de apoio para sua proposta, que não conta com o apoio da ala paulista do partido, mais próxima de José Serra.

Segundo Aécio, quando foi elaborado o orçamento estadual para 2009, havia uma expectativa de crescimento de 5% nas receitas frente ao ano anterior, estimativa que foi quebrada pelo impacto na economia doméstica da crise financeira internacional e, por decorrência, na arrecadação de impostos e contribuições sociais.

Investimentos

Segundo o governador de Minas, as decisões recentes mantiveram integralmente os investimentos principais, denominados programas estruturadores em várias áreas - infraestrutura e sociais. No entanto, Aécio informou que haverá uma contenção preventiva nas despesas que estavam previstas inicialmente para o custeio da máquina pública.

As áreas que no ano passado atingiram as metas de economia no seu programa "Choque de Gestão" serão premiadas com menores cortes. "As demais áreas irão contribuir mais, sempre com o objetivo de enfrentar o período mais grave da crise", declarou o governador.

O governador se queixou da prometida ajuda do governo federal, dizendo textualmente que não será expressiva. Ele também reclamou do corte em valores da Cide (Contribuição sobre o Domínio Econômico), que é o imposto cobrado nos derivados de petróleo para utilização em rodovias. Por último, lembrou que os estados são credores da União em R$1,3 bilhão, referente aos ressarcimentos de impostos estaduais estabelecidos na Lei Kandir (de isenção das exportações da cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Mercadorias, o ICMS).

Custeio

Após a fala do governador, a secretária estadual de Administração, Renata Vilhena, informou que os cortes no orçamento totalizarão R$ 430 milhões, que corresponderão a uma redução entre 10% e 20% do orçamento de custeio.

Cada secretário terá de liberdade de selecionar as despesas que serão suprimidas, mas as restrições não alcançarão as secretarias de Defesa Social, Saúde e Educação.

A secretária lembrou que, em outubro o governo de Minas tinha uma arrecadação mensal de do ICMS de aproximadamente R$ 2 bilhões. Com a eclosão da crise financeira internacional, a receita foi caindo progressivamente, até chegar a R$1,6 bilhão em março. "Ninguém poderia imaginar que se chegasse a um PIB negativo em 2009", declarou o governador.

O orçamento total do estado para o corrente ano é de R$40 bilhões, sendo que R$ 11 bilhões deverão ser aplicados em investimentos.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 9)(Durval Guimarães)