Título: Piores momentos do Mercosul
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 24/04/2009, Internacional, p. A12

Montevidéu, 24 de Abril de 2009 - O diretor de Assuntos Econômicos, Integração e Mercosul do Ministério das Relações Exteriores do Uruguai, Walter Cancela, afirmou ontem que o bloco regional "atravessa um de seus piores momentos".

"Há muitas dificuldades, passamos por um dos piores momentos do processo e estamos em meio a uma crise internacional", declarou ao participar de encontro com jornalistas estrangeiros em Montevidéu. Segundo Cancela, o bloco tem diante de si um "panorama de dificuldades", com problemas que afetam a circulação de bens e de pessoas. Ainda assim, garantiu que seu país não considera a hipótese de deixá-lo. "Sair do Mercosul é uma possibilidade teórica, mas não faz parte do `menu¿ considerado pelo governo", explicou. Segundo ele, a prioridade das autoridades de Montevidéu é fortalecer o bloco.

Ao detalhar quais são os problemas de circulação vividos regionalmente, Cancela lembrou o bloqueio promovido por ambientalistas argentinos na ponte General San Martín, que liga Uruguai e Argentina.

Os manifestantes estão no local há mais de dois anos e protestam contra a presença de uma fábrica de pasta de celulose na cidade uruguaia de Fray Bentos, às margens do Rio Uruguai, que delimita a fronteira entre os dois países.

"De um lado, a ponte continua bloqueada para a circulação de pessoas. Do outro, temos dificuldades na circulação de bens com as restrições aplicadas pela Argentina a suas importações", acrescentou Cancela, referindo-se à decisão tomada recentemente pelo governo de Buenos Aires de ampliar o regime de licenças não-automáticas para compras feitas pelo país.

Como possíveis passos para impulsionar a integração comercial no Mercosul, o diretor mencionou a aprovação do Código Aduaneiro Comum e a eliminação da dupla cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC).

Hoje, um produto acaba sendo taxado duas vezes quando é importado por um país do bloco e repassado a outro em seguida. "Estes são temas essenciais para atenuar as assimetrias", argumentou Cancela.

Ele também chamou a atenção para uma excessiva "politização" do Mercosul. Em sua opinião, como não conseguem avançar em temas comerciais, alguns membros do bloco se voltaram a outros setores, como o social, uma postura marcada especialmente pela presidência temporária do Paraguai, iniciada recentemente, afirma.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 12)(Ansa