Título: Grupo tenta assegurar benefícios
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Fonte: Gazeta Mercantil, 27/04/2009, Brasil, p. A8

Brasília, 27 de Abril de 2009 - Típicos defensores das benesses públicas, o baixo clero é a incógnita para a votação de amanhã, quando a Câmara tentará aprovar mudanças nas regras das passagens aéreas para moralizar seu uso.

Há quem diga que o grupo majoritário, mas com pouco poder político, seguirá o comando de seus líderes. Outros, porém, já contabilizam várias insubordinações.

"Os integrantes do baixo clero têm líderes. Não acho que haja clima para flexibilizar o uso de passagens", disse à Reuters o deputado de oposição José Carlos Aleluia (DEM-BA) nesta sexta-feira.

Longe dos holofotes da mídia e das negociações com o governo, o baixo clero articula apresentar uma emenda para diminuir o rigor das regras anunciadas nessa semana justamente para moralizar a utilização da cota de passagens.

"Todo mundo quer incluir mulher e filhos menores nas cotas das viagens. Mais de 400 deputados querem. Se a hipocrisia não ganhar da verdade, será possível conseguir 257 votos (dos 513) para mudar isso", disse o deputado Silvio Costa (PMN-PE), alçado à condição de porta-voz do baixo clero.

Há pouco mais de dois meses no cargo, a votação será um importante teste para o presidente da Casa, deputado Michel Temer (PMDB-SP). "Não existe recuo. Vamos levar à votação e trabalhar para a aprovar a proposta tal como está", afirmou ele à Reuters.

Após sucessivas denúncias de mau uso do dinheiro público, a notícia de que as regras mudariam provocou a ira de parlamentares. O Senado já aprovou mudanças, limitando viagens apenas aos senadores e permitindo os bilhetes internacionais só com autorização prévia. Familiares ficaram de fora das passagens. Na Câmara dos Deputados, a idéia é fazer o mesmo.

"Essa decisão do Michel é um erro. O presidente da República, em missão oficial, não pode levar a esposa?", indagou Silvio Costa, um dos cinco parlamentares do pequeno PMN.

Segundo ele, o cônjuge deveria ter direito a viajar do Estado de origem do parlamentar até Brasília, ficando proibidas as viagens internacionais e para outros estados.

Denúncias de um suposto esquema de comercialização das cortas dos parlamentares bancada com dinheiro público fortalecem o apelo popular por mais rigidez no uso do benefício.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 8)(Reuters)