Título: Mercado melhora projeção para o PIB
Autor: Aliski,Ayr
Fonte: Gazeta Mercantil, 28/04/2009, Brasil, p. A5
Brasília, 28 de Abril de 2009 - O mercado reverteu a tendência de aumento da queda do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano. A mais recente previsão é de retração de 0,39% em 2009. Na semana passada, a aposta dos cerca de cem agentes de mercado consultados semanalmente pelo Banco Central (BC) para a elaboração do boletim de expectativas Focus era de recuo de 0,49%.
Essa estimativa tinha sido a pior de todo o ano, resultado de sete semanas consecutivas de deterioração das percepções quanto à evolução do PIB. O boletim revela também uma previsão de retomada, ainda que de forma leve, da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
As previsões do mercado são diferentes das do governo. Para o Banco Central, a economia brasileira irá crescer 1,2% em 2009, conforme citado no último "Relatório de Inflação". Enquanto para os ministérios da Fazenda e do Planejamento, o crescimento do PIB será de 2%, conforme estabelecido no texto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Há cerca de duas semanas, entretanto, o governo anunciou decisão de reduzir de 3,8% para 2,5% a meta de superávit primário ainda para 2009. Isso, na prática, representa mais dinheiro para gastos oficiais, dentro de uma política anticíclica, que visa ajudar na reativação da economia.
Mas apesar de melhorar a projeção em relação ao PIB, o mercado manteve o pessimismo quanto ao comportamento da produção industrial, passando a prever retração de 4% em 2009. Uma semana antes, havia estimativa de queda de 3,75%. Para o PIB industrial vigora há dez semanas consecutivas pioras das expectativas.
Quanto ao IPCA, a projeção foi revisada de 4,23% para 4,3% em 2009. Apesar da ligeira elevação, a nova estimativa leva a inflação oficial para mais perto da meta central, de 4,5% no ano. Os agentes de mercado mantiveram projeção de alta de 4,35% para o Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC-Fipe) e reduziram de 2,09% a projeção de alta para o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) e de 2,02% para 1,99% a projeção quanto ao comportamento do Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M). Foi reduzida a estimativa de alta dos preços administrados este ano, de 4,5% para 4,45%.
As novas projeções deixam claro que o mercado continua acreditando em queda da taxa básica de juros, mas com cortes menos ousados. Uma semana atrás vigorava estimativa de que a média da Selic no ano seria de 10%. A nova projeção indica média de 10,03%, ou seja, o mercado acredita em queda da Selic, mas em ritmo mais lento. Para o final do ano foi mantida aposta de que a Selic estará no patamar de 9,25%. Atualmente o juro básico da economia é de 11,25% ao ano. Amanhã o Comitê de Política Monetária (Copom) divulga qual será o novo patamar da Selic. Há expectativa de corte de pelo menos 1 ponto percentual.
A pesquisa feita pelo BC apurou também que mercado amenizou perspectiva quanto ao déficit em conta corrente, de US$ 20 bilhões para US$ 19,5 bilhões e elevada de 37% para 37,17% a projeção de qual será o comprometimento da Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) em relação ao PIB.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 5)(Ayr Aliski)