Título: BC vê consolidação do uso do cartão
Autor: Aliski,Ayr
Fonte: Gazeta Mercantil, 28/04/2009, Finanças, p. B1

Brasília, 28 de Abril de 2009 - O ano de 2008 foi marcado pela explosão do uso do cartão de débito e da queda do uso do cheque para os brasileiros. No ano passado, a quantidade de transações com cartões de débito cresceu 27% na comparação com 2007, período em que o número de cheques emitidos caiu 5,2%. Os cartões de crédito também cresceram em 23,5%, fôlego que garantiu a vice-liderança no ranking da expansão dos meios de pagamentos.

Mesmo com maior acesso aos meios eletrônicos, os brasileiros não abrem mão de ter dinheiro vivo na carteira. A média de quantidade de papel-moeda per capita chegou a R$ 408,93 no ano passado, frente R$ 350,84 em 2007. Os dados foram divulgados ontem pelo Banco Central e fazem parte do "Diagnóstico do Sistema de Pagamentos de Varejo no Brasil", estudo publicado anualmente desde maio de 2005. A versão divulgada ontem traz os dados referentes a 2008. Para o BC, a consolidação da pesquisa indica que há continuidade do aumento da utilização de papel-moeda e dos instrumentos eletrônicos de pagamento.

Nos últimos quatro anos, o pagamento eletrônico cresceu 17% por ano, enquanto que a quantidade de cheques emitidos caiu 9,3%. Em 2008, houve 1,373 bilhão de cheques que circularam com liquidação interbancária, frente 2,136 bilhões em 2003. Já a quantidade de transações com cartões de débito saltou de 662 milhões, em 2003, para 2,1 bilhões no ano passado.

De acordo com o estudo do BC, a substituição do cheque por meios eletrônicos ocorre nas transações de menor valor. O valor médio dos cheques, no ano passado, chegou a R$ 835,00, contra R$ 716,00 em 2007. No mesmo período, o valor médio por transação com cartão de débito manteve-se em R$ 49,00, enquanto que a operação média com cartão de crédito subiu de R$ 84,00 para R$ 86,00. Ou seja, o cheque mantém-se firme em um nicho específico das transações."Há espaço para criação de facilidades adicionais que possibilitem pagamentos de maior valor comandados eletronicamente a partir de pontos de venda", cita o relatório do Banco Central, referindo-se a operações unitárias de valor menor que R$ 5 mil. Acima desse limite, as operações devem ocorrer por meio de Transferência Eletrônica Disponível (TED), mecanismo lançado em 2002 quando foi criado o novo Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB).

O potencial de expansão dos cartões foi comprovado em 2008, quando pela primeira vez os cartões de débito cresceram mais que os de crédito. Em quantidade de cartões no mercado, o crescimento foi de 14% no segmento de débito e de 12% nos cartões de crédito.

O BC prevê aumento da presença dos cartões de débito levando em consideração a "baixa frequência" de uso do produto: em 2007, cada cartão de débito registrou média de 9,3 transações por ano. Na Suécia, foram mais de 124 usos por ano, chegando a 159 na Finlândia. Já os cartões de crédito registraram, no ano passado, 18,4 transações por unidade, o que se aproxima mais do que ocorre em outros países (15,4 usos por ano, na França, e 14,6 usos, na Itália). As comparações com outros países consideram dados de 2007, devido à defasagem das informações internacionais.

O estudo do Banco Central trata também do perfil do relacionamento entre clientes e instituições financeiras. Nada menos de 32% das transações bancárias realizadas no ano passado foram feitas por meio das redes de autoatendimento (ATMs). Foram realizadas por esse meio 7,921 bilhões de transações no ano passado, frente a 5,672 milhões, em 2003. A internet ficou com o segundo lugar no ranking, responsável por 29% das transações bancárias feitas em 2008. O BC considera que o Brasil tem uma quantidade razoável de ATMs: eram 832 terminais de atendimento para cada grupo de um milhão de habitantes, frente 646 terminais em 2001. O número se equipara ao da Alemanha, onde em 2007 havia 831 terminais para cada milhão de habitantes.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Ayr Aliski)