Título: Avanço nas vendas e investimentos
Autor: Waldo Nogueira
Fonte: Gazeta Mercantil, 22/09/2004, Comercio & Serviços, p. A-13

Empresários estão mais otimistas em relação ao desempenho da economia e do negócio. Pesquisa feita Associação Brasileira de Supermercados (Abras) mostra que os empresários do setor têm agora boas perspectivas em relação ao desempenho da economia e do seu próprio negócio.

O estudo envolveu 33 empresas, responsáveis por 28% das vendas totais do setor, e indica que, de forma geral, os dirigentes de supermercados estão otimistas em relação às vendas, investimentos e rentabilidade, tanto para este semestre quanto para 2005.

Entre os participantes da pesquisa, 94% acreditam que, para suas empresas, as vendas serão melhores em relação à primeira metade do ano, 64% esperam continuar investindo e 73% prevêem aumento na rentabilidade.

Já em relação ao setor, a expectativa geral é de aumento no faturamento (82% dos entrevistados), no volume físico de vendas (67%), na rentabilidade (58%), nos investimentos (55%) e no sortimento de mercadorias (45%).

Apesar de as empresas continuarem investindo no setor, não acreditam numa expressiva mudança econômica neste ano: mais da metade dos participantes considera que o País se encontra numa situação "regular" no que se refere ao índice de desemprego (52%) e à renda média da população (61%).

Os empresários mostram-se um pouco mais otimistas em relação ao comportamento do Produto Interno Bruto (PIB): 42% dos entrevistados acreditam que a situação será "boa". No entanto, quando questionados sobre o patamar da taxa de juros, 48% definem a situação como "ruim".

Já para o ano de 2005, os supermercadistas revelam mais confiança. Grande parte dos entrevistados acredita que o País estará numa "boa" situação no que se refere à taxa de desemprego (67%), renda média da população (52%) e PIB (55%). Há cautela apenas em relação à taxa de juros: 42% dos entrevistados prevêem que a situação será "regular".

Em 2005, as empresas esperam investir em torno de R$ 576 milhões. Esse dinheiro será destinado principalmente à compra de novos equipamentos e à construção e reforma de lojas, confirmando a tendência de expansão contínua da estrutura de vendas.

Investimentos em tecnologia também são uma característica dos supermercados, onde se generalizou a informatização das frentes de caixa. Isso aparece no universo das 500 maiores empresas analisadas no último ranking da Abras, com uma participação de 67,5% nas vendas do setor em 2003. Numa base de 4.221 lojas, nada menos que 4.013 (95,1%) estavam informatizadas. Em 1993, o total não chegava a 100.

Para os supermercados, que trabalham com uma grande variedade de produtos, o maior benefício desses investimentos é o controle efetivo do negócio e o aumento do poder de negociação com os fornecedores. As relações entre a indústria e o varejo sempre foram marcadas por uma forte disputa.

Até o início dos anos 90, a situação era francamente mais favorável para a indústria, que comandava as negociações. Erros na gestão de lojas, como compras de mercadorias com pouca saída, eram anulados num cenário de inflação sem controle e de remarcações diárias de preços.

A situação se inverteu com a informatização do comércio, que passou a ter controle instantâneo sobre as vendas e a rejeitar mercadorias que estacionam nas gôndolas. Em todo o mundo, o varejo ganhou importância porque tem mais informações, sem necessidade de pesquisas, sobre o giro dos produtos e as preferências dos clientes.

Recuperação

Na verdade, os supermercados se recuperam de um longo período de retração nas vendas, provocado principalmente pela perda de renda da maioria dos consumidores. Segundo a Abras, o faturamento real do setor, deflacionado pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (Ipca), somou R$ 76,01 bilhões no ano passado e caiu 4,7% em relação a 2002.

Neste ano, os negócios mostram um desempenho melhor. Em agosto, as vendas dos supermercados, em valores reais, apresentaram queda de 2,06% sobre o mês anterior e crescimento de 1,33% em relação ao mesmo mês de 2003. De janeiro a agosto, os negócios acumulam um crescimento de 1,19% em relação a idêntico período do ano passado.

O fato é que o consumidor ainda não restabeleceu o seu poder de compra, muito prejudicado em 2003. Neste contexto, o aumento das tarifas públicas, principalmente nos serviços de energia elétrica e telefonia, afetaram negativamente as vendas do mês de agosto.

kicker: A prioridade é para a reforma e ampliação da rede de lojas, com novos equipamentos