Título: Mais oito reatores
Autor: Sassine, Vinicius
Fonte: Correio Braziliense, 26/03/2011, Brasil, p. 12

A franco-alemã Areva, conglomerado com participação direta no fornecimento de tecnologia à usina Angra 3, também participará da concorrência para a construção dos novos reatores nucleares no Brasil, segundo previsão da Eletrobras Eletronuclear. Se o governo germânico confirmar a intenção de frear os financiamentos ao programa nuclear brasileiro, as novas usinas dependerão de outras fontes de recursos. A intenção de construir oito reatores, além de Angra 1 e Angra 2, existe há 37 anos. O programa da Eletrobras motivou a participação direta da Alemanha nos projetos, o que pode se alterar agora, depois da tragédia nuclear em Fukushima, no Japão.

O terremoto japonês e as consequências radioativas da catástrofe não alteraram os planos do governo brasileiro, pelo menos publicamente. Oito novas usinas, além de Angra 3, estão previstas para até 2030, conforme o Plano Nacional de Energia (PNE). Quatro devem ser construídas na Região Nordeste e outras quatro no Sudeste. A primeira delas está prevista para um estado do Nordeste, entre 2016 e 2020. Somente depois da construção da segunda usina em território nordestino ¿ o que deve ocorrer antes de 2025, pelo calendário da Eletronuclear ¿ o Sudeste receberia um novo reator nuclear.

A estatal responsável pela construção das usinas já concluiu o levantamento dos locais propícios, mas mantém o estudo em sigilo. A escolha das áreas é feita por exclusão, levando-se em conta diversos fatores, como disponibilidade de água e condições geológicas. Em algumas palestras reservadas, porém, a Eletronuclear já revelou quais são as ¿áreas candidatas¿ em São Paulo e em estados do Nordeste. A porção oeste do Sudeste, o litoral e a divisa com Mato Grosso do Sul são considerados propícios para receber novas usinas nucleares. No Nordeste, as áreas estão no curso do Rio São Francisco. Os estados que aparecem como apropriados, do ponto de vista técnico, são Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.

¿Este país tem muito urânio. Não podemos nos dar ao luxo de não usar essa fonte de energia¿, disse o presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro, durante audiência no Senado, na última quarta-feira. ¿Precisamos de toda fonte de energia. É muito comodismo dizer que só energia eólica e solar resolvem.¿ (VS)