Título: Sul, Sudeste e Norte são mais afetados pela crise econômica
Autor: Lavoratti, Liliana
Fonte: Gazeta Mercantil, 29/04/2009, Brasil, p. A9

São Paulo, 29 de Abril de 2009 - Se a crise internacional se aprofundar, o pacto federativo firmado na Constituição de 1988 - que distribui entre as três esferas de governo as responsabilidades do Estado frente aos cidadãos e estabelece a divisão do bolo tributário para financiar essas despesas - está ameaçada. A previsão foi feita ontem pelo coordenador de projetos da Fundação Getulio Vargas projetos, Fernando Blumenschein, durante apresentação de levantamento sobre o impacto da crise nas economias regionais.

Segundo ele, os desequilíbrios regionais que fazem as regiões e os estados sentirem de forma diferente os efeitos da crise global em suas receitas, por exemplo, vão crescer e dar argumento para governadores e prefeitos reivindicarem uma flexibilização da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). A lei, em vigor desde 2001, impõe limites para os principais itens de despesas dos estados e municípios, e do endividamento dessas duas esferas governamentais. O estado de São Paulo é um dos mais interessados nessa mudança, pois é uma das unidades da federação com maior nível de endividamento atualmente, próximo de ultrapassar o teto permitido pela legislação.

"A crise chegou aqui somente há cinco, seis meses. E se continuar por algum tempo, vai evidenciar todos os conflitos federativos que estavam mais ou menos acomodados, como a questão do sistema tributário, das transferências constitucionais de recursos, entre outros", afirmou o acadêmico. Segundo o estudo, que comparou alguns indicadores (emprego, contas públicas, exportações, crédito e comércio varejista) entre setembro de 2008 e fevereiro de 2009 contra setembro de 2007 e fevereiro de 2008. Com o objetivo de aferir o cenário nas quais se desenrolam as políticas econômicas, ficou confirmada a tese de que existem impactos diferenciados por região.

"Esse padrão foi verificado em todas as variáveis analisadas, e capturado no índice de susceptibilidade elaborado. Embora o presente estudo tenha se focado nas grandes regiões, cada estado tem comportamentos individualizados, que podem diferir do agregado da região em que está inserido", acentuou o coordenador. Por exemplo, o Sudeste, Sul e Norte, regiões cujas economias estão mais inseridas globalmente, estão sendo mais "sugadas" pela crise, enquanto o Centro-Oeste e Nordeste, menos industrializados, sofrem menos com o desaquecimento da economia mundial.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 9)(Liliana Lavoratti)