Título: Banco do Brasil quer atrair mais clientes e expandir o portfólio
Autor: Aliski, Ayr
Fonte: Gazeta Mercantil, 29/04/2009, Finanças, p. B1

Brasília, 29 de Abril de 2009 - O Banco do Brasil (BB) quer ampliar a base de clientes e o leque de produtos para poder reduzir juros e spreads, determinações expressas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar de ter assumido a presidência do BB com essa tarefa, Aldemir Bendine disse que não é pressionado pelo Palácio do Planalto a oferecer crédito mais barato e em maior quantidade. Descartou também interferências políticas na sua gestão. "O Banco do Brasil sempre teve por dogma e até por estratégia trabalhar com taxas competitivas."

Em 2008, o BB teve lucro líquido de R$ 8,8 bilhões, o que representou um retorno de 32,5% sobre o patrimônio líquido. E este ano quer aumentar a carteira de crédito entre 13% e 17%, acima da projeção do mercado, que estima aumento de 10% a 15%. Bendine disse que haverá maior elevação do provisionamento, mas "apenas por precaução", já que, segundo o executivo, a inadimplência do BB tem acompanhado a média de mercado. No segmento de pessoa física, a inadimplência atingiu 5,9% da carteira em 2008, frente média de 8,1% do mercado. Já no segmento empresarial somou 3,7% da carteira, frente média de 1,8% do mercado. A meta é focar em operações de menor risco, que podem custar menos para o banco. "Temos belíssimos clientes aí pelo mercado que por questão de fidelização a gente não tinha muito acesso. Estamos querendo aproveitar essa fragilidade na assistência creditícia e trazer uma base de clientes com os quais a gente não operava", disse Bendine.

Além do aumento da base de clientes, o BB quer entrar em áreas nas quais tem menos tradição. Acentuar ações em negócios de cartões de crédito e seguridade, além de intensificar operações nos mercados imobiliário e de financiamento de veículos. Na área imobiliária, onde o BB é novato, a meta é ter 5% do mercado em 2013. No segmento de cartões, quer sair de 17% para 22% de participação até 2014. No comércio exterior, pretende ser operador de câmbio movimentando US$ 73 bilhões, obtendo mais de 25% de participação.

Quanto à redução de juros e de spread, Bendine disse que é a meta não apenas do BB, mas de todas as instituições financeiras em 2009. "O spread é questão que está dada. Vai cair ao longo do tempo", afirmou, destacando que a queda da taxa Selic é fator que reduz juros finais e spreads. Mas Bendine quer que o spread tenha uma queda mais forte do que a Selic. Em 2008, o spread médio do BB foi de 7,1 pontos percentuais e para 2009 a meta está entre 6,8 e 7,2 pontos.

Outra estratégia para aumentar a rentabilidade é aproveitar a base de clientes oriunda da compra de bancos estaduais. No ano passado, o BB comprou o Banco do Estado de Santa Catarina (Besc), Banco do Estado do Piauí e o Banco Nossa Caixa, de São Paulo. Bendine garantiu que o BB segue em negociação para adquirir o Banco de Brasília (BRB) e o Banco do Estado Espírito Santo (Banestes). O novo presidente repeliu a hipótese de fechamento de capital do BB, argumentando que a instituição está se adequando ao Novo Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa), devendo pulverizar no mínimo 25% de suas ações até 2011. Hoje parcela de 21,7% está no free float. O Tesouro Nacional é o acionista majoritário, com 65,6% do capital.

Ações

Quando Aldemir Bendine foi anunciado presidente, as ações do BB caíram quase 10%. "A queda ocorreu devido a especulações, a expectativas errôneas", afirmou ontem Bendine, alegando que logo em seguida ele próprio participou de videoconferência com agentes de mercado, o que permitiu a recuperação. O executivo destacou que em abril as ações do banco tiveram valorização de 7,4%, acumulando alta de 27,6% desde o início do ano.

Bendine ressaltou que o BB está isento de intervenções políticas, argumentando que a instituição é reconhecida por seus critérios de governança corporativa e que decisões internas ocorrem somente depois de discutidas em várias instâncias, culminando na diretoria colegiada. Mas disse também que o BB é um banco público e que, por isso, tem papel fundamental para promover a recuperação da economia.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Ayr Aliski)