Título: As dívidas em atraso diminuem no varejo
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Fonte: Gazeta Mercantil, 22/09/2004, Comercio & Serviços, p. A-13

Diminuiu o número de consumidores com dívidas em atraso na Grande São Paulo. Segundo pesquisa da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio), a participação de endividados que estão inadimplentes caiu de 44% em agosto para 40% neste mês, o que representa 27% do total de mil entrevistados. O resultado é o segundo mais baixo do ano, maior apenas que os 39% verificados em fevereiro, primeiro mês em que a pesquisa foi realizada.

Na avaliação da assessoria econômica da entidade, a redução registrada pelo terceiro mês consecutivo indica uma tendência mais consistente do ritmo de queda. Mas a elevação de juros determinada pelo Banco Central na semana passada , com o conseqüente aumento do custo do crédito, poderá conter a diminuição do número de inadimplentes.

Em setembro, o número de consumidores com dívidas correspondeu a cerca de 67% do total de entrevistados, como em agosto e nos meses anteriores deste ano, com exceção de junho, quando alcançou 72%. De acordo com economistas da Fecomercio, a queda do desemprego e a recomposição de renda dão mais capacidade aos consumidores, naturalmente, para fazer seus pagamentos. Mas o comprometimento médio de renda entre os endividados aumentou, passando de 36,6% em agosto para 37,7% neste mês.

Destaca-se, na nova pesquisa, a maior disposição dos consumidores para regularizar sua situação financeira: 62,5% dos entrevistados desejavam pagar dívidas, em parte ou totalmente. Em agosto, 58,2% tinham essa intenção. Cerca de 35% dos consumidores informaram não ter condições de quitar dívidas em setembro, percentual menor que nos últimos três meses.

Na avaliação da Fecomércio, a recuperação da atividade econômica, com expansão nas vendas do varejo, da produção industrial e da oferta de crédito, contribuiu para a queda da inadimplência e a melhoria de indicadores relativos à capacidade de compra do consumidor.

"Com o aumento dos juros e o consequente encarecimento do crédito, haverá uma retração na demanda, pois as condições de pagamento ficarão menos acessíveis à população. Como resultado, será prejudicada a recuperação que diversos setores, como o varejo, vinham demonstrando durante este ano", afirma Abram Szajman, presidente da entidade.

Lançada em fevereiro deste ano, a pesquisa, realizada mensalmente junto a cerca de mil consumidores da região metropolitana de São Paulo, tem o objetivo de medir o grau de comprometimento de renda, endividamento e inadimplência das pessoas com dívidas atreladas ao cheque especial, cartão de crédito, empréstimos ou prestações em geral.