Título: Dieese prevê recuperação do emprego no segundo semestre
Autor: Aliski,Ayr
Fonte: Gazeta Mercantil, 30/04/2009, Brasil, p. A6

Brasília, 30 de Abril de 2009 - A plena recuperação do mercado de trabalho vai ocorrer a partir do segundo semestre. A estimativa é do diretor-técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Clemente Ganz Lúcio, que lançou ontem, em Brasília, o "Anuário do Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda". Apesar da perda de 797 empregos entre novembro do ano passado e janeiro deste ano, Ganz Lúcio destacou que o Brasil voltou a gerar saldo positivo na oferta de postos de trabalho, e que o setor volta a decolar a partir da metade do ano. "O primeiro semestre será difícil", admitiu ele.

O diretor do Dieese destacou que o Brasil continua crescendo, mas em intensidade menor, enquanto os países ricos estão "queimando empregos". Ou seja, o mercado de trabalho brasileiro sofreu com a crise, crescendo mais lentamente, enquanto os países ricos estão eliminando o estoque antigo de empregos. As recentes perdas de postos de trabalho levaram o País aos padrões de 2007 quanto ao nível de desemprego atingia 15% da População Economicamente Ativa (PEA). "Voltamos à taxa de desemprego de março de 2008, ou seja, perdemos o que geramos no ano passado e voltamos à situação de 2007. Já a Espanha voltou 20 anos."

O melhor momento no mercado de trabalho foi registrado no final do terceiro trimestre do ano passado, quando o desemprego era de 13,5%, e a pior situação ocorreu entre 2003 e 2004, com taxa de até 21,5% de desemprego. Conforme Lúcio, dois terços dos empregos brasileiros estão voltados para atividades do mercado interno, o que blinda o mercado de trabalho contra as adversidades externas. "Por isso a importância dos investimentos internos", enfatizou o diretor, destacando a importância com a continuidade das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal como instrumento para manter a economia aquecida e gerar empregos.

Lúcio lançou junto com o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, o Anuário do Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda, com dados consolidados até 2007. O estudo traz informações sobre o comportamento do mercado de trabalho, o vínculo empregatício do trabalhador, idade, nível de formação e de qualificação, distribuição regional do trabalho, entre outros. Lupi disse que esse estudo ajudará na elaboração de políticas públicas de apoio à geração do emprego. "Dá uma radiografia para que a gente possa discutir políticas públicas com os Estados e os municípios, porque essas políticas não dependem só da União", disse o ministro.

O estudo do Dieese mostra que em 2007 a PEA era de 98,845 milhões de pessoas. Do total, 44% estava no Sudeste, 26% na região Nordeste, 16% na região Sul, 7% no Centro-Oeste e 7% no Norte. Entre os ocupados, 70% ganhavam no máximo três salários mínimos. Às vésperas do dia do Trabalho, Lupi admitiu que o trabalhador brasileiro ainda ganha pouco, mas destacou avanços obtidos no governo Lula. "De janeiro de 2003 até 1 de maio de 2009, o aumento real para o salário mínimo foi de mais de 60%. Todas as categorias tiveram aumento acima da inflação nos últimos sete anos", disse Lupi, que deve anunciar amanhã medidas como a ampliação do número de parcelas do seguro-desemprego para novas categorias de trabalhadores.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Ayr Aliski