Título: Produção industrial registra o pior resultado desde 1999
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Fonte: Gazeta Mercantil, 30/04/2009, Brasil, p. A7

Brasília, 30 de Abril de 2009 - Os efeitos da crise financeira internacional se intensificaram no setor industrial no primeiro trimestre. A produção da indústria nacional caiu para 36,1 pontos, número de 16,5 pontos menor que o registrado em igual trimestre de 2008 e 4,7 pontos abai-xo do índice apurado no trimestre anterior Os dados fazem parte da sondagem industrial da Confederação Nacional da Indústria (CNI) que mostra que a média histórica da produção é de 51,6 pontos. Diante do arrefecimento do setor, a utilização da capacidade instalada recuou para 68%, ficando abaixo da média histórica de 74%. Em igual etapa do ano passado, o setor trabalhava com 75% da capacidade instalada. Ambos resultados são os piores desde 1999, início da série da pesquisa. O emprego também caiu para 39,2 pontos, 14,1 pontos abaixo do apurado em igual trimestre do ano passado. Na pesquisa, os indicadores variam de zero a 100 pontos, sendo que os números abaixo de 50 sinalizam expectativas negativas. Acima de 50, portanto, incide otimismo dos empresários. A pesquisa foi feita neste mês, até o dia 27, com 1,329 mil empresas, das quais 740 de pequeno, 386 de médio e 203 grande portes.

Segundo os economistas da CNI, a falta de demanda é o principal problema enfrentado pelas empresas. Além disso, os empresários continuam a reclamar da elevada carga tributária "e o acirramento da competição". Apesar da retração no primeiro trimestre deste ano, as estimativas dos industriais menos pessimistas, em relação ao desempenho da economia.

O indicador de perspectiva de demanda subiu de 39,7 pontos, no último trimestre de 2008, para 48,3 pontos, em igual etapa deste ano. Melhoraram ainda as expectativas em relação ao emprego, cujo indicador subiu de 40,5 pontos para 44,8 pontos; e as previsões de compra de matéria-prima, cujo indicador passou de 38,9 pontos para 46,9 pontos, na mesma comparação. Porém, as previsões para as exportações continuam pessimistas. O indicador de expectativa de exportação recuou de 41,7, no último trimestre de 2008, para 39,8 pontos no trimestre seguinte. É o menor índice desde janeiro de 2002.

Segundo o estudo, os efeitos da crise internacional se intensificaram no início deste ano em todos os portes e atividades industriais. "Todos os 27 setores das indústrias de transformação e extrativa diminuíram o número de empregados". E, com exceção da indústria farmacêutica, as demais atividades reduziram a produção. Os setores com maiores quedas foram os de madeira, que recuou para 21,2 pontos; e o de metalurgia básica, cujo indicador caiu para 21,7 pontos.

Na pesquisa, a CNI destaca que as empresas permanecem com dificuldades para acessar os financiamentos no sistema financeiro, entre janeiro e março. O indicador de acesso ao crédito ficou em 32,4 pontos no primeiro trimestre e acumula queda de 15,2 pontos em relação ao igual período de 2008. Os estoques "mantêm-se praticamente" inalterados em relação ao último trimestre de 2008, ao oscilar para 49,9 pontos, ante 53,5 pontos.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 7)(Redação)