Título: Depois de confirmar morte de criança, EUA fecham 100 escolas
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Fonte: Gazeta Mercantil, 30/04/2009, Internacional, p. A13

Nova York, Washington, 30 de Abril de 2009 - Pelo menos 100 escolas suspenderam suas aulas ontem nos Estados Unidos, devido à epidemia de gripe suína, revelou a secretaria de Educação. A medida foi adotada após a confirmação de 91 casos de gripe suína no país, mas algumas escolas fechadas hoje devem reabrir na quinta-feira, depois da avaliação médica dos alunos. "Ao menos 100 escolas, tanto públicas como privadas, estão fechadas", disse um porta-voz da secretaria de Educação, Jim Bradshaw.

Ontem, 91 casos de gripe suína foram confirmados em dez Estados americanos pelo Centro de Doenças e Prevenção (CDC), incluindo 51 em Nova York e 16 no Texas, onde um menino mexicano morreu. Pela manhã, o presidente, Barack Obama, garantiu que "fará todo o possível" para deter a gripe suína, durante a entrevista coletiva pelos 100 dias de seu governo. Obama também afirmou que não fechará a fronteira com o México, país de origem da epidemia, ao estimar que a medida não tem sentido após a chegada do vírus aos EUA.

Recessão afeta saúde pública

Nos EUA, a recessão atual provoca a retirada de centenas de milhões de dólares e de milhares de funcionários dos departamentos municipais e estaduais de saúde pública, que agora terão que enfrentar a possível pandemia.

Autoridades de saúde nos estados afetados afirmaram que estão longe de conseguir administrar testes e o tratamento de pessoas infectadas e que o país carece, também, de uma grande campanha pública de informação. No entanto, muitos têm defendido que estão fazendo muito pouco em vista da gravidade da situação, contando apenas com a ajuda de alguns profissionais que foram deslocados de outros setores de saúde pública, e levantaram dúvidas quanto à capacidade destas agências para fazer frente a uma real pandemia.

"Eu estou muito preocupado", afirmou Robert M. Pestronk, diretor executivo da National Association of County and City Health Officials. "As agências locais de saúde atualmente já não tem pessoal suficiente para atender às necessidades do dia-a-dia. Um eventual aumento no volume de trabalho impossibilitará a realização das outras tarefas. E, dependendo da escala da epidemia, não será possível dar conta da demanda."

Durante uma coletiva de imprensa na última segunda-feira, o doutor Richard E. Besser, diretor da agência federal Centers for Disease Control and Prevention, defendeu que o sistema público de saúde encontra-se em "situação difícil".

"Nós ouvimos dezenas de centenas de funcionários públicos da área de saúde pública que estão perdendo seus postos de trabalho devido aos cortes de orçamento nos estados", informou.

A associação de Pestronk estima que os departamentos municipais de saúde perderam cerca de US$ 300 milhões em financiamento e 7 mil empregos em 2008, quando mais da metade das agências demitiram. O setor contava com aproximadamente 160 mil funcionários em 2005, segundo dados da associação. Pestronk afirmou que calcula que, pelo menos, 7 mil pessoas perderão seus empregos este ano.

As agências estaduais de saúde perderam outros 1,5 mil empregados entre julho de 2008 e janeiro de 2009, de acordo com a Association of State and Territorial Health Officials. O grupo prevê o fechamento de mais 2,6 mil postos de trabalho no próximo ano fiscal.

O Departamento de Saúde e Controle Ambiental da Carolina do Sul, que também supre departamentos de saúde locais de funcionários, perdeu US$ 30 milhões em dinheiro estadual e um terço de seus 6 mil funcionários durante a última década, disse Thom W. Berry, porta-voz. O departamento investiga atual-mente vários casos "prováveis" de gripe suína.

Nova York: maior número

Em Nova York, que tem a maior concentração de casos de gripe confirmados, cortes no orçamento federal, estadual e municipal reduziram de US$ 28 milhões, um ano atrás, para US$ 23 milhões o gasto do departamento de saúde na preparação para emergências, disse Andrew S. Rein, vice-comissário executivo.

Na Califórnia, com 14 casos confirmados, o Departamento de Saúde Pública absorveu recentemente corte de 10% no orçamento ordenado pelo governador Arnold Schwarzenegger para ajudar a fechar um enorme rombo orçamentário. Ele fez isso sem demitir trabalhadores, mas reduzindo drasticamente subsídios aos departamentos de saúde, disse a doutora Bonnie Sorensen, vice-diretora chefe de políticas e programas. Na terça-feira, Schwarzenegger declarou estado de emergência e concedeu poderes especiais ao Departamento de Saúde. Pública.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 13)(The New York Times, AFP e Reuters)