Título: Desafios dos 100 dias permanecem, diz Obama
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Fonte: Gazeta Mercantil, 30/04/2009, Internacional, p. A15

Saint Louis (EUA) e Washington, 30 de Abril de 2009 - Barack Obama afirmou ontem que começou a manter a grande promessa de reconstruir os Estados Unidos, mas alertou que os desafios de seus cem primeiros dias de mandato não chegaram ao fim. Como para confirmar suas palavras, os norte-americanos receberam a notícia de que a atividade econômica encolheu 6,1% no primeiro trimestre de 2009 e que a gripe suína causara sua primeira morte no país, uma criança.

"Esta é evidentemente uma situação preocupante, grave o bastante para que tomemos o máximo de precauções", disse Obama na Casa Branca. Ele pediu que todos se mantenham vigilantes diante da epidemia que já tem 91 casos confirmados nos EUA e preparou os americanos para a possibilidade de medidas mais radicais, como o fechamento de escolas.

O presidente cumpriu, em seguida, o ritual dos 100 dias, participando de um ato público em Saint Louis, no estado do Missouri. "Hoje, neste 100 dia após minha posse, vim dizer a vocês, americanos, que começamos a nos recuperar, a nos mover e que nós começamos a reconstruir os EUA", disse, retomando um dos principais pontos de seu discurso de posse do dia 20 de janeiro. À noite, e de retorno a Washington, ele concedeu uma entrevista à imprensa às 20h (21h horário de Brasília).

Obama deixou claro que não aprova esta marca arbitrária de 100 dias. Mas ele tratou de tirar o máximo de proveito do momento. Lembrou que foi eleito com a promessa de mudança e que encontrou dificuldades de uma magnitude "sem precedente". Citou as medidas tomadas para retirar o país da pior recessão desde os anos 1930. Ressaltou a ruptura com a era George W. Bush, com o anúncio do fechamento do campo de Guantánamo, a proibição da tortura e o calendário de retirada do Iraque.

Obama defendeu o que alguns especialistas consideram o programa de reformas mais ambicioso desde os anos 1930, nos âmbitos da educação, da saúde, da energia e das finanças. "Após 100 dias, estou feliz com o progresso feito, mas não estou satisfeito. Tenho confiança no futuro, mas não estou satisfeito com o presente", disse, referindo-se ao corte de mais de cinco milhões de postos de trabalho desde o início da recessão, em dezembro de 2007, e aos milhões de americanos incapazes de pagar por um plano de saúde ou por seus estudos.

Em um momento importante para a economia, Obama disse também que não sabe se a montadora automobilística Chrysler poderá escapar da falência. Novas decisões são aguardadas, em breve, para os bancos. E, apesar da oposição dos adversários republicanos, a popularidade de Obama está em alta: 58% dos americanos aprovam suas ações, segundo pesquisa da Universidade Quinnipiac.

Enquanto isso, a Câmara de Representantes e o Senado dos EUA aprovaram ontem final do projeto de orçamento da administração de Obama para o exercício 2009-2010, que totaliza US$ 3,4 trilhões. A Câmara adotou o texto por 233 votos contra 193, enquanto o Senado aprovou o documento por 53 a 43.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 15)(AFP)