Título: Tupi marcará um novo divisor de águas para setor
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Fonte: Gazeta Mercantil, 30/04/2009, InfraEstrutura, p. C2
30 de Abril de 2009 - A britânica BG precisou perfurar a até 5.715 metros para comunicar a descoberta no S-M-508. Procurada, não comentou os motivos da expressiva perfuração até o fechamento desta edição. A Shell, que quase mergulhou a cinco mil metros no BC-10, na bacia de Campos, informa que, por enquanto, não há estudos prontos para perfurar o pré-sal. Mas a companhia anglo-holandesa não descarta fazê-lo no futuro.
Segundo a ANP, a Repsol também foi abaixo de cinco mil metros em Santos, no S-M-674. Já a Devon conta que a profundidade de seis mil metros já considera o caminho completo do poço horizontal no bloco BM-C-8. "Estão aproveitando o momento para testar objetivos mais profundos, por causa do sucesso do pré-sal", comenta o geólogo Luiz Dhremer, que trabalha numa grande multinacional atuante no País.
A Petrobras tenta encontrar óleo abaixo das reservas já conhecidas do campo de Marlim Leste, na bacia de Campos. Também em Santa Catarina há sondas que vão abaixo do objetivo inicial. E diversos outros registros na ANP mostram esta tendência na exploração da estatal. "Estamos indo mais fundo também na bacia de Campos", afirmou recentemente o gerente executivo de exploração e produção da Petrobras, José Antonio de Figueiredo.
A Petrobras lembra que o desafio do pré-sal começou antes das descobertas. Antes de saber que o BM-S-11 possui de 8 a 12 bilhões de barris, foi arriscado investir US$ 240 milhões na perfuração do primeiro poço do pré-sal. A descoberta de Parati custou mais que o dobro do mais caro poço perfurado até então, pela mexicana Pemex. "A média de custo de perfuração de poços na Bacia de Campos era de US$ 18 milhões", diz a companhia. "No dia 30 de março de 2006, um ano e três meses após o início da exploração, e de gastos que chegavam a US$ 240 milhões, a perfuração do poço de Parati chegava ao fim. As brocas já haviam alcançado 7.600 m de profundidade a partir do nível do mar e fora encontrado um campo gigante de gás e reservatórios de condensado de petróleo, um óleo leve".
A nova riqueza causou comemoração e polêmica, dentro e fora da Petrobras. Depois de descobrir o maior valor do tesouro abaixo do sal, o governo brasileiro resolveu criar um marco regulatório para as áreas que ainda não foram licitadas. O novo modelo será decidido por Lula. As regras atuais do setor de petróleo permitem que informações geológicas de áreas do pré-sal sejam vendidas ao mercado a partir deste ano. Os primeiros relatórios de perfuração de poços no pré-sal, no campo batizado de Tupi, foram concluídos no ano passado. A Petrobras encaminhou as informações à ANP, que, apoiada pela Portaria 188, de 1998, pode disponibilizar informações sobre poços dois anos depois da conclusão da sua perfuração.
(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 2)(S.L.)