Título: Presidente da GM quer lucro em 2005
Autor: Sonia Moraes
Fonte: Gazeta Mercantil, 22/09/2004, Transporte & Logística, p. A-14

Desafios e estratégias de Ray Young para atingir o equilíbrio financeiro da montadora no País. O presidente da General Motors do Brasil, Ray Young, disse ontem em São Paulo que a sua missão é fazer com que a montadora atinja o equilíbrio financeiro em 2005. A parceria inédita anunciada pela montadora entre a ACDelco - marca de peças do grupo General Motors Corporation - com a ALE Combustíveis, distribuidora mineira de petróleo (ver abaixo), é uma das estratégias da companhia para obter o equilíbrio financeiro. "O custo do dinheiro no Brasil é muito caro, por isso, ter lucro vendendo somente carros novos é muito difícil", disse Young, destacando que a GM do Brasil tem US$ 500 milhões de dívidas assumidas no Brasil. "Por isso, mesmo que a empresa obtenha resultado operacional positivo neste ano não haverá lucro", completou o presidente da montadora.

Mercado interno forte

Sobre o mercado interno de veículos Ray Young considera que 1,5 milhão de unidades previstas para este ano não é um resultado bom de vendas para o País, ao se comparar que em 1997 o setor chegou a vender quase 2 milhões de veículos. "Com esse número o Brasil fica muito fraco", comentou o presidente da GM do Brasil. No seu entendimento, para reverter esse cenário é preciso reduzir a carga tributária do setor e a taxa de juros do País. Ao ser questionado sobre a expectativa de exportações da montadora para 2004, disse que as vendas externas não são o core business da empresa. "É preciso ter mercado interno forte, porque as exportações são voláteis, já que dependem das oscilações do câmbio".

Para 2005, o presidente da General Motors prevê um crescimento de 5% em relação a 2004. "Poderia chegar a um crescimento maior, de até 10% se não houvesse problemas de infra-estrutura e de falta de matéria-prima", destacou Ray Young.

Falta de componentes

Assim como toda a indústria automobilística, a General Motors também teve muitos problemas com fornecimento de peças ao longo deste ano. "A cada mês faltava um tipo componente na linha de montagem", disse Young. "Além do aço, faltaram também outras commodities, como pneus, plástico e motor".

A falta de aço, na opinião do presidente da General Motors do Brasil, é decorrente da grande demanda da China, já a de outros componentes deve-se à insuficiência de capacidade dos fornecedores para suprir a demanda. "Os fornecedores estão com problemas para convencer as suas matrizes de investir no Brasil. Para convencê-los é preciso que o País tenha pelo menos dois anos de estabilidade", disse Ray Young.