Título: Máquina de fiscalização atrasa o PAC, diz Lula
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Fonte: Gazeta Mercantil, 04/05/2009, Brasil, p. A6
Rio de Janeiro, 4 de Maio de 2009 - Criticado pela demora na execução dos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou na última quinta-feira a burocracia da estrutura estatal, que foi classificada como "máquina de fiscalização".
De acordo com o presidente, ter dinheiro para fazer os investimentos governamentais não é suficiente. "No Brasil, não basta você ter dinheiro porque a quantidade de regras que criamos para dificultar o uso do dinheiro (é muito grande)", disse Lula em discurso durante a inauguração de laboratório da Coppe, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Lula apontou as dificuldades na obtenção de autorizações de órgãos da própria estrutura do governo para dar andamento a projetos e obras. "O País passou anos e anos sem fazer investimento e fomos criando uma poderosa máquina de fiscalização que agora é superior à máquina de produção", afirmou.
Durante o evento, o diretor da Coppe (instituição de pós-graduação em engenharia da UFRJ), Luiz Pinguelli Rosa, criticou o Tribunal de Contas da União (TCU) por dificultar os investimentos federais na instituição. Ex-presidente da Eletrobrás, Pinguelli declarou que o Tribunal de Conta da União está criando "regrinhas imbecis".
Lula citou também o ex-presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961) ao atacar a morosidade da burocracia. "Hoje nenhum governante do Brasil consegue fazer obras estruturantes em quatro anos. Se Juscelino fosse eleito hoje presidente e quisesse fazer Brasília, ia terminar o mandato sem conseguir a licença para a pista do aeroporto para estudar o planalto central", declarou o mandatário.
O presidente disse também que tem tomado medidas para acelerar esse processo em instituições financeiras como a Caixa, o Banco do Brasil e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Em um ambiente cercado por profissionais do meio científico e acadêmico, Lula voltou a mencionar que gostaria de ter obtido um diploma de curso superior.
"Eu e o José Alencar somos os únicos presidente e vice-presidente sem diploma universitário. Não falo isso com orgulho. Gostaria muito de ser economista. Eu acho fantástico ser economista da oposição, porque você fala tudo e sabe tudo. Quando assume (o governo) você vê que é mais difícil fazer", afirmou.
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 6)(Reuters)