Título: Sistema depende de plano de mobilidade
Autor: Araújo, Saulo
Fonte: Correio Braziliense, 26/03/2011, Cidades, p. 25

O autor do projeto de lei nº 197, o deputado Evandro Garla (PRB), considera as críticas positivas para o aprofundamento do debate. O parlamentar esclareceu que a proposta apresentada difere do modelo praticado em São Paulo, porque vislumbra fazer com que o rodízio de veículos seja implantado na medida em que o Governo do Distrito Federal comece a colocar em prática o plano de mobilidade para a Copa do Mundo de 2014. Isso inclui a volta das obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e o aumento da frota de ônibus e do metrô. ¿Quando essas obras para a Copa começarem a tendência é que haja uma piora no trânsito, e o rodízio pode minimizar esse impacto. Não será como em São Paulo. Vai caminhar junto com as benfeitorias no transporte público. As ruas de Brasília recebem mais de 100 mil veículos por ano. Acho que chegou a hora de tentar fazer alguma coisa. Se não der certo acaba com a determinação¿, defendeu.

Lata de sardinha O presidente da Associação dos Usuários de Transporte Público (Autrac), Vidal Guerra, preocupa-se com o aumento de passageiros nos coletivos e nos vagões do metrô caso a medida entre em vigor. ¿Hoje, no horário de pico, o passageiro anda numa lata de sardinha. Muitos motoristas nem param no ponto, porque o veículo já está com a capacidade acima do permitido. Imagine, de um dia para o outro, milhares de pessoas dependendo do transporte público? O sistema ia entrar em colapso. O rodízio é uma boa alternativa, mas desde que o governo chame os empresários e exija deles que coloquem mais ônibus em circulação¿, avaliou.

No exterior, os exemplos que deram certo não incluem rodízio, mas pedágios nas áreas de maior circulação de veículos. Em Londres, a prefeitura acabou com os congestionamentos no centro da cidade em 2003, quando entrou vigor a taxa de 8 libras, o equivalente a R$ 30 para quem deseja usar o carro nas ruas. Já em Estocolmo, na Suécia, foi a própria população que, por meio de referendo, exigiu a cobrança de pedágio aos motoristas que trafegam na área central em horários de pico. Com a restrição dos veículos, houve também uma considerável redução da poluição.