Título: Cobrança de pedágio
Autor: Araújo, Saulo
Fonte: Correio Braziliense, 26/03/2011, Cidades, p. 25

Nenhuma ação isolada resolve o problema do trânsito em Brasília. Tudo tem de ser feito dentro de um conjunto. Pontuo três aspectos para não concordar com o rodízio: 1) Para se implantar o rodízio, são necessárias alternativas para os motoristas, como melhorar a frota de ônibus e expandir o metrô. 2) Rodízio tem data de validade. Depois de dois ou três anos, as pessoas se adaptam. A maioria compra outro carro, muitas vezes, um bem mais barato, para usar como um estepe no dia em que o veículo não puder circular. Foi isso o que aconteceu em São Paulo e, em Brasília, onde o poder aquisitivo é muito maior, não tenho dúvida que esse fenômeno vai ocorrer com mais rapidez. 3) Não se pode terceirizar a fiscalização. Se o governo delega essa missão para uma empresa é natural que ela vá querer mais carros circulando nos dias errados para lucrar. Não pode haver interesse financeiro. Creio que o mais eficiente seria adotar o sistema de pedágio para quem deseja circular nas principais vias. É assim que funciona em Londres e muito bem, por sinal. Outra alternativa para reduzir o número de veículos é acabar com os estacionamentos públicos.

Paulo César Marques, engenheiro de tráfego e professor da Universidade de Brasília (UnB).