Título: Não há espaço para novas desonerações, diz ministro
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Fonte: Gazeta Mercantil, 04/05/2009, Brasil, p. A7

Brasília, 4 de Maio de 2009 - O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou na última quinta-feira que não há mais espaço para grandes desonerações, caso contrário o governo terá que "refazer as contas" devido à queda provocada na arrecadação.

"Se houver desonerações expressivas, teremos que refazer as contas", disse, após participar de seminário sobre gestão pública. Desde o início da crise financeira internacional, o governo já desonerou o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre eletrodomésticos, como geladeiras, máquinas de lavar, fogões, e sobre veículos.

Bernardo comentou a redução de um ponto percentual na taxa básica de juros, anunciada no dia 29 pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Na sua opinião, há espaço para que os juros caiam mais. "Já caíram e podem cair mais ainda, porque não tem pressão inflacionária expressiva", disse, assinalando que o Copom trabalha com a avaliação da inflação e do ritmo da atividade econômica. Segundo ele, o Banco Central sabe que é preciso reanimar a economia e está dosando isso. "Acho que estão indo bem."

O ministro falou também sobre mudanças nas regras de caderneta de poupança. Ele afirmou que ainda não há nada definido e fez questão de repetir que qualquer alteração será feita de forma transparente e comunicada à população com antecedência. Ele criticou a propaganda veiculada em rádio e TV pela oposição, que comparou a mudança na poupança estudada pelo governo Lula ao congelamento da aplicação feito pelo ex-presidente Fernando Collor.

"Não vamos fazer nada da noite para o dia. Ninguém está querendo mexer na poupança como disse aquela propaganda mau-caráter que teve esses dias na televisão. Vamos fazer as coisas de forma transparente. Queremos que a poupança continue sendo um instrumento de proteção dos recursos das economias das famílias", afirmou o ministro.

Sobre gripe suína, Bernardo garantiu que, caso seja necessário aportar mais recursos para a prevenção e combate, haverá movimentação do governo. "É o tipo de problema que, se surgir, vamos ter que arrumar dinheiro ou vamos ter uma melhora na receita. Isso possibilitará colocar dinheiro ou teremos que cortar de outra área. Não vamos vacilar nisso". Ele, no entanto, ressaltou que hoje há apenas um estado de alerta e vigilância em relação à gripe.

Paulo Bernardo também descartou qualquer discussão para reduzir o corte no Orçamento da União por causa da queda no resultado do superávit primário do governo. Segundo ele, o patamar definido de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) permitirá ao governo cumprir suas obrigações até o final do ano. Hoje, o Banco Central anunciou o pior superávit primário trimestral desde 2004.

"Se for pouquinho, vai resolvendo. Ou, então, se tiver despesa grande, vamos ter que discutir como é que faz, onde vai ter que cortar. Agora, do jeito que está, estamos planejado até o final do ano."

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 7)(Agência Brasil)