Título: Casos suspeitos dobram no Brasil
Autor:
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/05/2009, Gripe Suína, p. A11

Brasília e Rio de Janeiro, 4 de Maio de 2009 - O Ministério da Saúde registrou ontem, no País, mais um caso suspeito da gripe causada pelo vírus A (H1N1), doença conhecida como gripe suína. Agora, são 15 pessoas sob vigilância. Até o fechamento desta edição, nenhum caso havia sido confirmado. As suspeitas estão distribuídas em São Paulo (6), Rio de Janeiro (3), Minas Gerais (3) e Distrito Federal, Espírito Santo e Mato Grosso do Sul, com uma cada.

Em menos de 48 horas, o número de suspeitas praticamente dobrou, desde que o ministério mudou os critérios de fiscalização da doença. De acordo com levantamento do órgão, atualizado às 9h30 de ontem, 44 doentes estão sob monitoramento em 17 estados e mais outros 43 foram descartados. Desde sábado, todo passageiro que chegar de qualquer área dos países atingidos, apresentar os sintomas ou que tiver contato com infectados será considerado suspeito.

Apesar de não ter nenhuma confirmação, de acordo com o diretor de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde, Eduardo Hage, o Brasil, com certeza, registrará algum caso de gripe suína, em função do grande número de países afetados pela doença. "Seguramente nós vamos detectar casos de pessoas vindas de outras áreas. O trabalho da vigilância brasileira é impedir o contágio entre pessoas dentro do País para conter o avanço da doença", explicou. A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) já enviou ao Brasil os insumos necessários para realizar os testes confirmatórios da gripe suína, que deverão chegar amanhã. Conforme explicou Hage, os chamados primes são espelhos do DNA do vírus que vão permitir a comparação com o material coletado dos pacientes com casos suspeitos no Brasil. O diagnóstico sai em 48 horas. Os kits serão distribuídos a três centros de pesquisa brasileiros: Instituto Adolfo Lutz (São Paulo), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz, Rio de Janeiro) e Instituto Evandro Chagas (Belém).

Encontro

Além da vinda dos kits, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse que pretende convidar para uma reunião, nesta semana em Brasília, autoridades de saúde da América do Sul para tentar conter a doença. "Penso na possibilidade de propor aos ministros de Saúde da América do Sul um encontro para discutir a gripe na perspectiva do continente", afirmou. "Não adianta eu ter uma estrutura de vigilância muito boa aqui se o meu vizinho não tem e vice-versa", acrescentou.

Temporão afirmou, na última sexta-feira, que não há motivos para "pânico", mas, como a doença se espalhou pelo mundo, ele considera que é inevitável a chegada do vírus ao Brasil, como disse Eduardo Hage. O ministro também reafirmou que toda a rede de vigilância está "em plena atividade" e pediu para que a população não se automedique e que o uso de máscaras só é necessário por funcionários de portos e aeroportos ou por equipes de saúde, que lidam com pessoas que chegam de áreas afetadas. Sobre o plano de contingência, não descartou que a vigilância possa ser estendida a estradas.

O ministro também criticou o aviso do risco de pandemia emitido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o qual considerou tardio. "A OMS soltou um alerta na madrugada de sábado (dia 25 de abril). Todos os países do mundo foram pegos de surpresa", disse Temporão.

(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 11)(Agência Brasil e Reuters)