Título: Usiminas Mecânica investe em fundição
Autor: Collet,Luciana
Fonte: Gazeta Mercantil, 04/05/2009, Indústria, p. C9
São Paulo, 4 de Maio de 2009 - A Usiminas Mecânica, braço do grupo siderúrgico mineiro para o setor de bens de capital, vai verticalizar a produção, passando a atuar diretamente também na fabricação de peças fundidas e forjadas. Para isso, a empresa vai incorporar a unidade de fundição que a Usiminas mantém em Ipatinga, no Vale do Aço, em Minas Gerais, e que até agora trabalhava apenas para o próprio grupo. "Com isso, aumentamos a nossa competitividade", disse o diretor da Usiminas Mecânica, Guilherme Muylaert Antunes.
Para atender os potenciais clientes, a fábrica receberá R$ 55 milhões em investimentos para expansão da capacidade e modernização tecnológica, dos quais R$ 20 milhões serão aplicados ao longo deste ano. A unidade, que hoje tem capacidade para produzir 1,1 mil toneladas por mês, poderá fazer 3 mil toneladas mensais a partir do segundo semestre do ano que vem. A empresa prevê iniciar as obras em julho.
A empresa ainda está finalizando o contrato com os parceiros tecnológicos, mas Muylaert adiantou que haverá um fornecedor estrangeiro específico para a linha de produção que atenderá o ramo ferroviário, que utilizará a moldagem automatizada. A empresa já é grande fornecedora de vagões para diversos tipos de cargas.
Muylaert disse que com a entrada no novo segmento, a empresa incrementa o portfólio de produtos e serviços que oferece aos clientes em setores industriais como siderurgia, mineração, hidrogeração, celulose e ferroviário. "Até agora precisávamos comprar as peças de fundições no País ou adquirir no exterior. Em outros casos, os clientes compravam diretamente e nos entregavam a peça para que realizássemos o restante do projeto."
Para representantes do setor de fundição, a entrada da Usiminas é uma decisão natural, de busca de alternativas diante de um cenário de retração econômica. "As siderúrgicas costumam ter uma fundição cativa e há sempre a chance de as empresas decidirem entrar no mercado", disse Alberto João de Deus, secretário-executivo da Associação Brasileira de Fundição (Abifa), que considerou o impacto pequeno, "pelo menos em um primeiro momento", devido à atual capacidade de produção da Usiminas. A capacidade de produção do setor é de mais de 3,7 milhões de toneladas de metais fundidos. Somente a Tupy, principal competidora, pode produzir cerca de 500 mil toneladas por ano. O setor possui cerca de 1,4 mil empresas.
As fundições não estão em um bom momento. As vendas no início deste ano foram cerca de 35% menores ante igual período de 2008. A expectativa é que, com a redução dos estoques das montadoras, que responde por 53% do mercado de peças fundidas, novos pedidos aumentarão. No entanto, os segmentos de bens de capital, com 12% do mercado, e siderurgia, com 8%, ainda estão parados. Muylaert avalia que até a expansão da fundição seja concluída, o mercado estará normalizado. Além disso, contará com demanda da própria Usiminas.
Em 2008, a Usiminas Mecânica faturou R$ 1,44 bilhão, 47,4% mais ante os R$ 978,9 milhões de 2007. De acordo com o executivo, a empresa ainda não sente os impactos da crise financeira internacional. "A maior parte das nossas unidades de negócio trabalha com contratos de longo prazo, então estamos em um bom ritmo de produção, operando com o que fechamos em 2007 e 2008", disse. "Hoje estamos trabalhando bastante na área comercial para projetos para 2010 e 2011." O executivo destacou, o contrato, fechado entre a Petrobras e a Tenaris-Confab e a Usiminas Mecânica em março, para a construção de tanques de armazenamento para a Refinaria Abreu e Lima (Refinaria do Nordeste), no valor de R$ 527,5 milhão, dos quais quase a metade deve ficar com a Usiminas. "Isso já dá sustento para 2010."
Entre os investimentos previstos na fundição, está um recuperador de areia para a linha de peças fundidas de grande porte. Atualmente, quase toda a areia utilizada no processo de moldagem é descartada. Com o equipamento haverá a recuperação de até 95% da areia, o que permitirá à empresa uma redução nos custos, em valor não divulgado, além de proporcionar ganhos ambientais. De acordo com o gerente geral, Osmar Martins Luz, a areia pode representar até 5% do custo de uma peça fundida.
(Gazeta Mercantil/Caderno C - Pág. 9)(Luciana Collet)